Sociedade | 29-10-2022 07:00

Inês Rodrigues é uma das grandes promessas da arquitectura em Portugal

Inês Vieira Rodrigues

Inês Vieira Rodrigues é uma arquitecta da nova geração natural de Tomar que se inspira na experiência que já tem de ter percorrido e vivido em países diferentes e em várias cidades. Conquistou o prémio Fernando Távora deste ano, o maior feito na sua ainda curta carreira. Sobre o futuro da arquitectura considera que não atravessa um bom momento mas com trabalho e dedicação a realidade pode ser alterada.

Inês Vieira Rodrigues continua “surpreendida” com a conquista do prémio de arquitectura Fernando Távora 2022, depois da sua proposta sobre a temática energética ter conquistado, por unanimidade, o júri do concurso. A arquitecta nasceu em Tomar, vive no Porto e pelo meio já residiu nos Açores e em várias cidades francesas e suíças, nomeadamente Paris e Lausanne. “Fernando Távora é uma figura incontornável da escola do Porto onde me formei, portanto receber o prémio é um prazer e um enorme sentido de responsabilidade”, afirma a O MIRANTE, acrescentando: “Vou poder fazer a viagem a que me propus”.
A 18.ª edição do Prémio Fernando Távora, instituído pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, atribuiu uma bolsa de viagem no valor de seis mil euros à arquitecta tomarense que arrebatou o prémio com um projecto intitulado “Viagem às arquitecturas energéticas insulares”. “Em traços gerais, o tema central é o território dos Açores, as vertentes mediática, legal, energética e política. A questão energética é um tema quente. Hoje é uma questão que toca a todos, em diferentes graus, entra-nos pelas televisões e jornais diariamente”, refere.
Inês Vieira partiu de um princípio básico: “O mar funciona como um obstáculo à difusão de energia e rede; não há, nos Açores, transferência energética de ilha para ilha”, afirma. A arquitecta visitou as nove ilhas dos Açores e o estado insular da Islândia, que está na linha da frente na questão dos recursos das energias renováveis para produção de energia eléctrica.

De Tomar para o mundo
Inês Vieira viveu em Tomar até aos 11 anos. Em 2000 mudou-se para os Açores e a adaptação inicial não foi fácil. “Foi um corte drástico mas passado pouco tempo percebi que era a melhor opção. Saí da minha zona de conforto e senti mais responsabilidades de trabalhar para ter um bom futuro”, revela.
Frequentou o ensino secundário em Ponta Delgada e aos 17 anos ingressou na Universidade no Porto, onde vive actualmente. Na faculdade ainda fez Erasmus em Lausanne, Suíça. “É aí que abrimos a mente para o mundo e para tudo o que nos rodeia. A forma de ensino, as amizades, as diferentes culturas, cintribuiram para o meu crescimento pessoal”, sublinha.
Passou uma temporada em Paris depois de um curto regresso aos Açores. No atelier “DDA Architectes” fez os projectos que mais a marcaram, “pela dimensão do próprio património arquitectónico”. Esteve envolvida num projecto do desenho da construção e acompanhamento da obra de uma moradia em Meudon, França, que venceu em 2017 o prémio Archinovo.
Questionada sobre quais as suas perspectivas em relação ao futuro da arquitectura, Inês Vieira Rodrigues tem uma opinião bem formada: “O panorama da arquitectura em Portugal não é dos melhores e é difícil prever que oportunidades possam surgir. No entanto, com trabalho e dedicação esta realidade pode ser alterada”.

O bom e o menos bom em Tomar

A mãe de Inês regressou a Tomar em 2017, o que faz com que a arquitecta venha com regularidade à cidade dos templários. “A cidade tem um património cultural e histórico muito diferenciado de outras cidades portuguesas “, elogia, para depois apontar os aspectos menos bons: “Tenho pena de passar na Rua Corredoura, e não só, e ver o que fizeram com a sua caixilharia e outras requalificações”.

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