O combatente do Cartaxo que esteve preso e viu a vida por um fio

Manuel Amendoeira tem 80 anos e fez parte do maior batalhão mobilizado para Angola. Natural do Cartaxo, esteve preso duas vezes e teve a vida por um fio muitas mais. Esta é a história de superação do combatente conhecido como “Cartaxo”.
Manuel Amendoeira foi um dos cinco mil militares mobilizados para Angola em 1964, para a Guerra do Ultramar. Quando partiu, o seu filho Francisco tinha três meses; quando voltou tinha três anos. Em Portugal deixou a “rapariga” que lhe arrebatou o coração aos 19 anos, mãe dos seus seis filhos, que está consigo até aos dias de hoje, Clementina Amendoeira. O casal é a prova de que o amor ultrapassa todos os obstáculos, nomeadamente uma guerra e a prisão.
A infância de “Cartaxo”, alcunha pela qual era conhecido, foi passada de “pé descalço”, literalmente; comprou as primeiras sapatilhas aos 14 anos. Os dias eram passados a guardar ovelhas num campo da região ribatejana, onde também pernoitou várias vezes. De vez em quando o pai levava-lhe um pedaço de pão para enganar a fome, mas eram mais os dias em que não tinha de comer. A escola nunca esteve nos seus planos; as razões não eram tanto pela falta de interesse em aprender, mas sim por causa das reguadas acumuladas devido aos erros ortográficos próprios do processo de aprendizagem.
“Eram tantas que chegava a ficar 15 dias sem ir à escola. Para além disso, acho que já sabia mais do que era a vida do que a professora”, brinca Manuel em conversa com O MIRANTE.
*Conheça toda a história na edição semanal em papel desta quinta-feira, 24 de Novembro