Grupo criminoso de Tomar acusado de homicídio arrecadou 800 mil euros em burlas
Três homens e duas mulheres, residentes em Tomar, tinham como alvo preferencial pequenos empresários e comerciantes de idade avançada. Dois dos suspeitos estão em prisão preventiva por homicídio qualificado.
O grupo criminoso de Tomar que é acusado de matar uma mulher numa localidade de Vila Nova de Foz Côa, em 2018, terá arrecadado mais de 800 mil euros em mais de 20 roubos entre 2017 e 2021 na região Centro, segundo a Lusa. O grupo é constituído por três homens e duas mulheres que residiam em Tomar e que tinha como alvo preferencial pequenos empresários e comerciantes de idade avançada que moravam em localidades afastadas de centros urbanos, a maioria nos distritos de Coimbra e Guarda.
Liderado por um homem de 40 anos, o grupo engendrou um plano para roubar dinheiro e ouro que as vítimas guardavam em casa, realizando a maioria dos assaltos quando as pessoas não estavam em casa. No entanto, em quatro ocasiões, as vítimas estavam nas suas residências e nesses casos, dois dos cinco arguidos recorreram a variadas formas de violência para tentar obter chaves ou códigos de cofres que acreditavam existir nas residências.
Numa das situações reportadas pelo Ministério Público, a 12 de Dezembro de 2018, uma mulher, que residia em Vale da Teja, em Vila Nova de Foz Côa, distrito da Guarda, acabou por morrer fruto da violência a que terá sido sujeita.
O grupo assaltou a casa a 9 de Dezembro, quando o casal não estava na residência, mas voltou três dias depois com o intuito de abrir um cofre que tinham encontrado. Dois dos arguidos, acompanhados por um terceiro indivíduo, que a investigação não conseguiu identificar, conseguiram entrar na casa, recorrendo a variadas formas de violência para tentar obter a chave do cofre junto do casal. Segundo a acusação, a mulher e o homem terão sido manietados e agredidos, sendo ainda obrigados a ingerir ecstasy pelos assaltantes. Um dos arguidos ateou combustível sobre o corpo do homem provocando-lhe várias queimaduras, enquanto lhe perguntava pela chave do cofre, ao que a vítima respondia que não a tinha. Já na cozinha despiram a mulher e queimaram-na em diversas partes do corpo com recurso a um espeto de ferro em brasa.
O Ministério Público salienta que o grau de violência e tortura foi aumentando, ao mesmo tempo que o casal ouvia os gritos de dor de cada um. As agressões só cessaram quando as vítimas ficaram inanimadas. A mulher morreu por asfixia e o marido sofreu um traumatismo crânio-encefálico, múltiplas queimaduras de segundo grau e hematomas, tendo estado internado durante 90 dias.
O líder do grupo era o mais velho de três irmãos que moravam no concelho de Tomar, com um deles a apenas colaborar quando era chamado para tal. O MP realça que os arguidos eram “cuidadosos” e “desconfiados”. No dia dos crimes desligavam sempre os seus telemóveis pessoais e usavam apenas cartões pré-pagos. Segundo o MP nenhum dos cinco arguidos do grupo tinha emprego fixo, no entanto, levavam uma vida luxuriosa.
Os dois principais suspeitos estão em prisão preventiva e são acusados de um crime de homicídio qualificado consumado e outro na forma tentada. Os cinco arguidos são acusados de associação criminosa, branqueamento, seis crimes de roubo, 20 de furto qualificado, quatro de sequestro agravado e um de burla informática. Para além dos cinco arguidos, são ainda acusados uma filha da companheira do líder do grupo, suspeita de participar no branqueamento, e uma empresária da Guarda, que tinha uma loja dedicada à compra e venda de ouro, acusada de recetação.