O MIRANTE financiou a Nersant em 150 mil euros nos últimos 10 anos
O jornal O MIRANTE “financiou” a Nersant em cerca de 150 mil euros ao longo dos últimos 10 anos com publicidade e patrocínios, entre outros, que parecem ter passado despercebidos à actual direcção da Nersant cujo presidente resolveu comportar-se com o jornal como nos tempos da ditadura salazarista.
A empresa proprietária de O MIRANTE investiu cerca de 150 mil euros em patrocínios e publicidade, entre outras, nas actividades da Nersant até ao final do mandato da direcção presidida por Salomé Rafael. Os investimentos foram sempre a pedido da Nersant, e as facturas incluem patrocínios das iniciativas dos 30 anos da associação, páginas de anúncios na revista oficial, patrocínios de seminários, portal da associação, Encontro Internacional de Negócios, entre muitos outros.
A empresa proprietária de O MIRANTE era uma das cerca de meia centena de associadas da Nersant que habitualmente colaborava com publicidade para sustentarem economicamente as publicações e iniciativas da associação, assim como outras iniciativas, nomeadamente o Challenger, a Fersant, entre outras.
Recentemente a Nersant mudou de direcção, e o actual presidente, Domingos Chambel, resolveu pôr em causa um protocolo de colaboração com uma empresa de comunicação (Terra Branca), que já vem desde 1999, assinado por José Eduardo Carvalho, que foi revisto em 2011, já com a direcção presidida por Salomé Rafael que, no essencial, manteve as mesmas directrizes e os mesmos valores. A Terra Branca é uma empresa dos mesmos proprietários de O MIRANTE e faz trabalhos na área da publicidade, internet, consultoria, entre outros.
Uma guerra anunciada
A nova direcção da Nersant, que tomou posse em Julho de 2020, presidida por Domingos Chambel, resolveu abrir uma guerra contra O MIRANTE, que já teve episódios caricatos e dignos “de uma associação de bairro, que não é o caso da Nersant, que tem mais de dois mil empresários associados e um orçamento anual de 1,7 milhões de euros (relatório e contas de 2021), assim como vive e sobrevive de fundos comunitários e dos apoios do Estado”, afirma o director-geral de O MIRANTE, que tem sido alvo dos “azeites” de Domingos Chambel que, aparentemente, não gosta de jornais nem de jornalistas.
“O investimento de cerca de 150 mil euros de O MIRANTE nas actividades da Nersant não podem ser do desconhecimento de Domingos Chambel, nem da maioria dos seus camaradas de direcção uma vez que grande parte dos dirigentes actuais fizeram parte dos executivos presididos em 1999 por José Eduardo Carvalho e, entre 2011 e 2020, por Salomé Rafael. Domingos Chambel foi vice-presidente da direcção durante os três mandatos de Salomé Rafael e nunca pôs em causa qualquer protocolo dos muitos que a Nersant tinha com várias entidades, incluindo a Terra Branca”, avisa Joaquim António Emídio.
“Domingos Chambel e os seus camaradas de direcção têm protagonizado atitudes para com O MIRANTE e os seus jornalistas, assim como com a administração do jornal, que ultrapassam as regras de um país democrático e algumas delas põem em causa questões constitucionais e civilizacionais, como proibir a entrada de jornalistas de O MIRANTE numa conferência de imprensa que visava exactamente esclarecer notícias escritas por esses mesmos jornalistas”, acrescenta.
Carta aberta aos associados da Nersant
Domingos Chambel tinha cerca de 50 anos na altura em que foi para a direcção da Nersant com José Eduardo Carvalho. Só depois de completar 70 anos é que conseguiu chegar a presidente tendo de fazer o caminho das pedras e passando pela humilhação a que Salomé Rafael o foi sujeitando cada vez que ele fazia uma guerra interna para que ela não voltasse a recandidatar-se para lhe dar o lugar.
Domingos Chambel teve de esperar 20 anos para chegar a presidente da Nersant; os primeiros dez como membro da direcção do seu amigo José Eduardo Carvalho (JEC) e os outros dez como vice-presidente de Salomé Rafael, sua rival na hora de JEC escolher o seu sucessor. Foi a escolha de JEC, que preferiu Salomé Rafael para o substituir, que fez com que Domingos Chambel passasse, aparentemente, ao lado de uma grande carreira de dirigente associativo. Domingos Chambel e Salomé Rafael eram duas das opções de JEC para a presidência quando saiu para outros desafios associativos a nível nacional.
JEC resolveu apostar em Salomé Rafael com a promessa de que esta faria um mandato e depois entraria Chambel. Salomé Rafael estendeu a sua permanência na presidência durante três mandatos. A meio, Domingos Chambel abriu uma guerra e ameaçou com uma lista alternativa. Salomé Rafael convocou o Conselho Geral, de que Joaquim António Emídio era membro, e pediu ajuda contra o ataque de Chambel. Numa reunião realizada num hotel de Santarém o director-geral de o MIRANTE foi o único que verbalmente incentivou a líder da Nersant a enfrentar o ataque de Chambel à sua presidência e ao projecto de se voltar a recandidatar, o que acabou por acontecer. A guerra acabou depois de ter sido mediada mais uma vez por José Eduardo Carvalho. Domingos Chambel voltou a baixar as guardas e a aceitar participar na lista da sua “adversária” novamente como vice-presidente.
Resumindo: Domingos Chambel tinha cerca de 50 anos na altura em que foi para a direcção da Nersant com José Eduardo Carvalho. Só depois de completar 70 anos é que conseguiu chegar a presidente tendo de fazer o caminho das pedras e passando pela humilhação a que Salomé Rafael o foi sujeitando cada vez que ele fazia uma guerra interna para que ela não voltasse a recandidatar-se para lhe dar o lugar.
Este ataque de Domingos Chambel ao trabalho dos jornalistas de O MIRANTE e as ofensas a Joaquim António Emídio, que surgiram ultimamente numa revista da Nersant, são um ataque ao trabalho de José Eduardo Carvalho e de Salomé Rafael, como facilmente se depreende. A entidade proprietária de O MIRANTE era só uma das cerca de meia centena de empresas e entidades que colaboravam, e algumas ainda colaboram, regularmente com a Nersant prestando serviços ou pagando patrocínios. O problema é que somos um órgão de informação, logo, aparentemente, um bom adversário para Domingos Chambel aparecer no palco da opinião pública e tentar que, tanto José Eduardo Carvalho como Salomé Rafael, fiquem mal na fotografia por terem feito um protocolo com uma empresa que beneficiou O MIRANTE. Desconhecem-se para já outras razões que levem Domingos Chambel a pôr em causa o trabalho de Salomé Rafael e José Eduardo Carvalho, que propuseram, assinaram e alimentaram um protocolo com uma empresa durante duas décadas sem nunca ter havido qualquer problema entre as partes.
Joaquim António Emídio