Sociedade | 06-12-2022 21:00

Caso do doente que ficou cego por falta de assistência julgado ao fim de sete anos

Caso do doente que ficou cego por falta de assistência julgado ao fim de sete anos
Manuel Rebelo pede indemnização de 750 mil euros

O Hospital de Santarém responde no Tribunal Administrativo de Leiria por falta de assistência a um doente com ferimento num olho e que acabou por ficar cego da vista direita.

O queixoso, de Fazendas de Almeirim, pede 750 mil euros de indemnização. O administrador hospitalar de então, José Josué, disse que a culpa foi do doente porque não se queixou do que sentia da mesma forma que da segunda vez que recorreu às urgências e foi enviado para Lisboa.
O caso do doente que atribuiu culpas ao Hospital de Santarém por ter ficado cego de uma vista, porque não havia oftalmologista de serviço, começa a ser julgado sete anos depois no Tribunal Administrativo de Leiria. Manuel João Rebelo, residente em Fazendas de Almeirim, pede uma indemnização de 750 mil euros por falta de assistência no dia em que foi às urgências, a 29 de Dezembro de 2015. O então administrador do hospital, José Josué, substituído em 2018, considerou na altura que apesar de não haver médico da especialidade, o doente tinha sido bem atendido e até dava a entender que se tinha havido problemas a culpa era do queixoso porque não soube explicar-se bem.
Apesar de dizer que o caso do utente não parecia grave e de tentar atribuir-lhe culpas, o então administrador teve de reconhecer que, na altura, a especialidade não estava presente nas urgências, nem no hospital aos fins-de-semana, havendo apenas alguns períodos do dia durante a semana em que havia médicos da especialidade. A administração do hospital na resposta à reclamação de Manuel João Rebelo dizia que, inquiridos os médicos, a vista direita apresentava uma ligeira hemorragia do olho sem presença de qualquer corpo estranho. Uma versão diferente da do Hospital de São José, em Lisboa, onde mais tarde foi visto por se ter agravado o estado de saúde, que na nota de alta refere a presença de corpo estranho metálico e “catarata traumática”.
Manuel João Rebelo tinha na altura 35 anos e era tractorista. O acidente aconteceu quando estava a cavar na horta adjacente à sua casa e sentiu algo a bater na vista. Como ficou com dores resolveu ir às urgências de Santarém, onde lhe lavaram a vista e colocaram um penso, com a indicação de voltar no a 4 de Janeiro para ser observado na oftalmologia. Cerca de 32 horas depois começou a sentir mais dores e a perder a visão, tendo voltado ao Hospital de Santarém, altura em que foi enviado para S. José. O então administrador do Hospital de Santarém dizia que “se da primeira vez o doente se tivesse queixado da mesma forma que fez na segunda, teria sido enviado para o hospital de Lisboa”.
Manuel João Rebelo teve que ser operado no Hospital de S. José, mas ficou sem ver do olho direito. Uma situação que, refere, lhe traz complicações para conduzir e tem influência na sua profissão de tractorista.

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