Desavença entre empregado de mesa e chefe das Finanças de Benavente dá origem a inquérito do Ministério Público

Procurador quer perceber o que aconteceu num restaurante do Porto Alto onde um desentendimento entre o chefe das Finanças de Benavente e um empregado de mesa obrigou à intervenção da GNR.
O Ministério Público (MP) de Benavente abriu um inquérito sobre o desentendimento entre um empregado de mesa de um restaurante do Porto Alto, Adalberto Silva, e o chefe das Finanças da vila, Fernando Lopes. O procurador está a dar seguimento à queixa apresentada pelo cidadão brasileiro no posto da Guarda Nacional Republicana no final do Verão e quer perceber o que terá efectivamente acontecido. É mais uma etapa no diferendo processual entre as duas partes. O funcionário do restaurante queixa-se de conduta imprópria e racista do chefe das Finanças de Benavente para com a sua pessoa. O funcionário público nega as acusações e ambos dizem que vão recorrer à justiça.
Adalberto Silva nasceu no norte do Brasil mas vive em Portugal há 16 anos e tem nacionalidade portuguesa. Vive e trabalha no Porto Alto, no restaurante A Torre, há 14 anos. No dia 12 de Setembro diz ter vivido uma situação inédita na vida, quando, alega, foi vítima de acusações de teor xenófobo por parte do funcionário público. O caso aconteceu durante um almoço onde estavam três pessoas na sala reservada do restaurante: o chefe das Finanças e dois empresários. Fernando Lopes explica que não almoçou, que apenas se sentou à mesa de uma pessoa amiga que ali tinha almoçado e que esteve à conversa, já após ter tomado a sua refeição.
Quando entrou para servir a mesa, Adalberto Silva diz ter sido imediatamente mal tratado, acusando o chefe das Finanças de lhe ter tirado uma garrafa de aguardente das mãos. Momentos depois, o empregado de mesa diz ter visto o funcionário público a fumar dentro do estabelecimento. Após chamar a GNR ao restaurante, o caldo entornou-se. “Ele alterou-se, começou a gritar comigo e a ofender-me em frente a toda a gente. Disse à GNR que eles deviam era procurar imigrantes como eu; acusou-me de ter documentos falsos. A GNR disse-lhe para ter calma”, recorda. Da queixa apresentada no posto constam duas testemunhas: os dois militares que presenciaram a situação e o patrão de Adalberto Silva.
O chefe das Finanças de Benavente recebeu o jornalista de O MIRANTE no seu gabinete, explicou o que terá acontecido mas não deu autorização para que a conversa fosse gravada. No mesmo dia enviou resposta às questões colocadas pelo jornal, dizendo ser “absolutamente falso” que tenha lançado insinuações racistas ao trabalhador mas onde reconhece ter acendido um cigarro dentro do restaurante. Após o incidente, Fernando Lopes diz ter-se prontificado a pedir desculpa a Adalberto Silva por um comentário que fez e que reconhece não ter sido correcto mas, repete, não tinha qualquer conotação racista.