Sociedade | 26-12-2022 21:00

Trabalhadores do Hospital de VFX lutam pelas 35 horas e contra a falta de pessoal

Trabalhadores do Hospital de VFX lutam pelas 35 horas e contra a falta de pessoal
Trabalhadores do Hospital de Vila Franca de Xira foram ao Ministério da Saúde em Lisboa reclamar contra a administração de Carlos Andrade Costa

O Ministério das Finanças continua sem dar luz verde ao horário de 35 horas semanais no Hospital de Vila Franca de Xira. Trabalhadores fizeram greve na última semana e a situação teve impactos significativos no funcionamento da unidade de saúde.

Quase 18 meses depois de ter tomado conta da gestão do Hospital de Vila Franca de Xira, que foi durante uma década uma Parceria Público-Privada (PPP), o Ministério das Finanças continua sem dar luz verde ao pedido da administração para que seja implementado o sistema de 35 horas semanais em vigor na função pública. Os trabalhadores estão cansados, são em número insuficiente para as necessidades e por isso o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas juntaram-se na última semana em mais uma acção de protesto.
Os sindicatos exigem a rápida implementação das 35 horas e também a contratação de mais profissionais. A greve dos enfermeiros, auxiliares e técnicos de diagnóstico do hospital de VFX teve uma adesão significativa segundo a administração e afectou o funcionamento de várias áreas, em particular do bloco operatório e do internamento. Os trabalhadores protestaram em frente ao Ministério da Saúde em Lisboa tentando que o Governo olhe de uma vez por todas para a questão.
Rui Marroni, do SEP, critica a O MIRANTE o que considera ser “uma embirração” do Governo e da administração do hospital, que já veio dizer que pouco pode fazer nesta situação. “O hospital continua a não aplicar as regras das carreiras da administração pública. Há desregulação de horários e elevada carência de profissionais; com os baixos salários praticados no hospital os trabalhadores não concorrem para lá”, critica o sindicalista, que aponta graves carências de enfermeiros, médicos, auxiliares, administrativos e técnicos de diagnóstico. “Situação que só aumenta o caos no hospital”, alerta.
Segundo Rui Marroni os trabalhadores do hospital estão esgotados e a serem, alegadamente, forçados a trabalhar mais horas do que devem. “A maior parte nem é paga como trabalho suplementar, o que é mais grave. E há um enorme banco de horas em dívida. Há trabalhadores com meses para gozar por causa da acumulação de horas que o hospital lhes deve. Isto não é solução, não há folgas, não há descanso nem vida pessoal”, condena o sindicalista.
Para o dirigente do SEP, não há grandes dúvidas sobre o que está em causa. “A administração não aplica as regras da administração pública. Já demos exemplos de outras instituições que passaram a Entidades Públicas Empresariais, como o Centro Hospitalar do Oeste, que desde 2019 tem contratado com 35 horas. Não faz sentido a administração continuar a embirrar e a empurrar uma situação que já devia estar mais que resolvida. É uma teimosia que tem de ser ultrapassada para bem da instituição e das pessoas que servem”, apela.
Administração passa a bola
para o Ministério das Finanças
O arrastar do processo tem gerado múltiplas queixas dos quase 1.500 trabalhadores da unidade de saúde, cuja administração diz entender os motivos da greve mas lembra que a situação ultrapassa a capacidade de gestão do hospital. “É necessária autorização superior para a adesão às 35 horas semanais e consequente contratação de novos profissionais, como aconteceu nos demais hospitais do Serviço Nacional de Saúde”, explica o hospital. A administração garante que o processo para adesão às 35 horas está concluído “há vários meses” mas ainda sem autorização da Secretaria de Estado do Tesouro.

Utente desaparecido é preocupante

O facto do hospital ter perdido o rasto a um doente que estava internado e foi encontrado a vaguear na cidade de roupão e descalço, como O MIRANTE noticiou na semana passada, também levanta preocupação no SEP. Rui Marroni diz a O MIRANTE desconhecer o caso mas admite que é o reflexo da falta de profissionais e do desgaste de quem trabalha na unidade gerida por Carlos Andrade Costa. “Há poucos profissionais para intervir no que é emergente e fundamental e algumas situações ficam para trás e provavelmente essa foi uma delas”, lamenta.

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