Já vai em cinco milhões desfalque milionário na Agromais

O desfalque na maior cooperativa de cereais e hortícolas do país já vai em 4,5 milhões de euros e a auditoria externa que começou a ser feita às contas pode revelar um cenário pior.
A direcção da Agromais, em Riachos, começou por revelar que o ex-responsável financeiro se tinha apropriado de dois milhões de euros. A direcção vem agora também revelar que o suspeito elaborava documentos falsos para tapar o rombo financeiro.
O desfalque nas contas do entreposto comercial agrícola Agromais, em Riachos, é do dobro do que se calculava inicialmente e decorreu durante mais tempo do que se tinha verificado. A direcção da maior cooperativa de agricultores de cereais e hortícolas do país já chegou a uma quantia de cerca de 4,5 milhões de euros, quando até há cerca de dois meses apenas se tinham apurado cerca de dois milhões de euros retirados pelo responsável financeiro. A duração do desfalque, que se imaginava ter decorrido durante 10 anos, afinal foi de pelo menos 12 anos. Entretanto já começou a ser feita uma auditoria externa às contas para confirmar exactamente o prejuízo da instituição.
O presidente da Agromais explica a O MIRANTE que a auditoria externa às contas começou na segunda-feira, 19 de Dezembro, não tendo sido possível mais cedo porque foi feito um concurso para escolher a entidade auditora. Luís Vasconcellos e Souza acrescenta que o trabalho da empresa seleccionada vai durar cerca de um mês e meio. A cooperativa entretanto já fez reflectir o desfalque nas contas, conforme já foi apresentado aos sócios em assembleia-geral, mas a situação não está a condicionar a actividade normal, apesar de ter implicado financeiramente a diminuição dos activos da Agromais.
A Agromais já promoveu o arresto dos activos do ex-responsável pela contabilidade, Nuno Oliveira, suspeito do desfalque. Os bens arrestados, sobretudo uns apartamentos, estão avaliados em cerca de um milhão de euros. Quanto a dinheiro que ainda deve estar na posse do contabilista, presume-se que este esteja guardado em contas no estrangeiro, o que será mais difícil de arrestar para fazer face ao rombo que a cooperativa teve nas contas.
Nos últimos dois meses, após se ter tomado consciência da situação, também já se percebeu que Nuno Oliveira, que trabalhava há 22 anos na cooperativa e era responsável pela contabilidade há 15 anos, fez várias manobras administrativas para encobrir a apropriação de dinheiro. Segundo a direcção apurou, o suspeito elaborava documentos falsos para não se dar por falta do dinheiro, nomeadamente empolava o valor de compras feitas pela Agromais.
O ex-responsável da contabilidade desapareceu assim que se apercebeu que ia ser descoberto, mas recentemente enviou uma carta a assumir a situação e a dizer que colaborava com a justiça. O advogado do suspeito também entregou o passaporte às autoridades, mas a cooperativa desconhece o seu paradeiro e receia que mesmo com a entrega do passaporte este possa estar no estrangeiro ou possa fugir. O contabilista apropriou-se do dinheiro através de cheques que depositava em contas pessoais e passou o dinheiro por várias contas, de modo a não serem detectados movimentos elevados, conseguindo manter o esquema durante 12 anos aproveitando-se da confiança que tinha da direcção e os associados da Agromais.
As suspeitas surgiram a meio de 2022, quando o presidente da Agromais questionou uma quantia de juros na conta bancária da organização e ficou desconfiado com a resposta de Nuno Oliveira, tendo mandado analisar a contabilidade. O caso está nas mãos da Polícia Judiciária.