Sociedade | 02-01-2023 18:00

Antigo reitor critica elevados salários e “intelectualização” no Santuário de Fátima

Antigo reitor critica elevados salários e “intelectualização” no Santuário de Fátima
A forma como está a ser gerido o Santuário de Fátima foi criticada pelo antigo reitor, Luciano Guerra

Luciano Guerra referiu-se aos alegados elevados salários pagos no Santuário de Fátima afirmando que “um padre é um padre, não pode, de maneira nenhuma, comparar-se a um administrador de uma empresa”. Criticou ainda a forma como foram dispensados e contratados funcionários. O Santuário refutou as críticas feitas pelo antigo reitor numa entrevista.

O antigo reitor do Santuário de Fátima, Luciano Guerra, referiu-se, numa entrevista ao semanário Jornal de Leiria, aos alegados elevados salários pagos no Santuário, afirmando que “um padre é um padre, não pode, de maneira nenhuma, comparar-se a um administrador de uma empresa, mesmo que os leigos que o sacerdote dirige recebam salário superior”.
O ex-reitor lamentou também pela forma como foram admitidos ou dispensados alguns funcionários no Santuário nos últimos anos. “Houve trabalhadores que praticamente foram expulsos, a vários outros (…) teve a instituição de pagar altas indemnizações; outros saíram e calaram-se, com receio de retaliações. Quase de rompante foram admitidos mais de 130 novos funcionários, numa casa que tinha 210. Houve uma série de pessoas que foram empurradas para sair”, referiu o antigo responsável.
O Santuário de Fátima respondeu, em comunicado, assegurando que “nunca deixou de cumprir qualquer obrigação, desde logo com os seus funcionários: não despediu nem forçou a saída de qualquer colaborador, apenas adaptou o seu quadro de pessoal às necessidades pastorais resultantes de um novo contexto, que obrigou a uma redução muito significativa da actividade do Santuário em 2020, que se prolongou ainda durante o ano de 2021 e que só este ano de 2022, felizmente, começou a ser retomada”.
“Neste período, particularmente difícil para as famílias e para a Igreja, o Santuário nunca faltou, por outro lado, com a correspondente ajuda social, incrementando e intensificando o apoio material a quem dele mais precisava e à Igreja em geral”, garantem os responsáveis pelo templo da Cova da Iria, para os quais, a opinião de Luciano Guerra “resulta de uma leitura pessoal (…), onde se nota um alheamento do que é hoje o Santuário no contexto da Igreja e do mundo”.

Críticas à “intelectualização” do Santuário
O Santuário de Fátima refutou ainda as críticas de “intelectualização” daquele espaço feitas por Luciano Guerra na mesma entrevista, lembrando os convites deste a artistas nacionais e até internacionais para interpretarem a mensagem de Fátima através de obras de arte. Em comunicado, os responsáveis pelo maior santuário mariano do país dizem que as críticas deixadas na entrevista ao Jornal de Leiria, revelam “uma grande contradição entre aquela que foi a ousadia do então reitor (…), que durante 35 anos nunca deixou que o Santuário cristalizasse na sua acção pastoral e procurou que fosse sempre evoluindo, mas que agora manifesta total oposição a toda a evolução verificada desde 2008”.
Na entrevista, o antigo reitor do Santuário de Fátima alertou para a necessidade de “um enorme esforço de purificação do Santuário no sentido de o fazer voltar-se para o público de peregrinos”. Monsenhor Luciano Guerra, que foi reitor durante 35 anos, tendo deixado o cargo em 2008, considerou que, depois de nos seus mandatos a “prioridade” ter sido “os peregrinos em geral”, hoje a situação é diferente. “No actual programa do Santuário, o fito primário mais explícito são os intelectuais” e “a dedicação total à intelectualidade não deixa espaço para a dedicação aos pobres”, afirma.
No comunicado, a actual Reitoria do Santuário de Fátima afirma respeitar “o passado e a obra deixada por Monsenhor Luciano Guerra que, ao longo dos 35 anos de reitorado, deu corpo a uma política de investimentos que passou sobretudo pela construção de grandes espaços celebrativos, que hoje cabe administrar e conservar com o mesmo empenho com que foram construídos – apesar das críticas, à época e de hoje, de consumirem grande parte dos recursos orçamentais”.

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