Descontentamento de professores e funcionários encerra escolas na Póvoa de Santa Iria

As greves decorrem pelo menos até Fevereiro. A situação está a causar transtorno aos pais e a afectar o ensino dos alunos. A Câmara de Vila Franca de Xira garante que são cumpridos os rácios de auxiliares nas escolas.
Os professores e o pessoal não docente, incluindo auxiliares, técnicos, psicólogos e terapeutas, decidiram não trabalhar exigindo melhores condições e a greve acabou por provocar o caos nas Escolas da Póvoa de Santa Iria. A paralisação, que segundo os sindicatos é por tempo indeterminado, começou a semana passada e continua no decorrer desta semana. Na sexta-feira de manhã, dia 6 de Janeiro, na Escola D. Martinho Vaz de Castelo Branco, a falta das funcionárias não permitiu a abertura dos portões. Os alunos com escalão atribuído podem no entanto, em dias de greve, almoçar na escola a partir das 12h00, uma vez que é uma empresa externa a fornecer as refeições. Caso faltem podem perder o direito à refeição, uma vez que a ausência conta como falta para quem tem apoios.
No mesmo dia, na Escola Aristides de Sousa Mendes, os pais foram surpreendidos com a falta de aulas por causa da greve dos professores no primeiro turno. À porta da escola reinava o descontentamento dos pais, principalmente os que não têm onde deixar os filhos e têm que trabalhar.
Recorde-se que no âmbito da transferência de competências da educação para as câmaras, cabe ao município de Vila Franca de Xira colocar o pessoal não docente nos estabelecimentos de ensino. O concurso para colocação destes funcionários acabou em Novembro de 2022 e os resultados foram publicados em Diário da República em Dezembro de 2022, mas as pessoas ainda não estão ao serviço, nem sabem para que escolas vão trabalhar. Em resposta a O MIRANTE a Câmara de Vila Franca de Xira garante que não existem, ao nível do pessoal não docente, faltas a colmatar no município.
A câmara garante que desde 2020, quando assumiu a competência do pessoal não docente, é rigorosamente cumprido o rácio definido em todos os agrupamentos de escolas do concelho, em conformidade com o número definido por portaria. Quanto aos concursos para a constituição de reservas de recrutamento, a autarquia diz que “são os necessários para efectuar, conforme disposto na legislação, a colocação atempada de funcionários, quer sejam substituições por motivo de faltas por baixa médica, ou por aposentações”.
Pais fazem “ginástica” para encontrarem soluções para os filhos
Nelson Lopes tem duas das três filhas a estudar nestas escolas. Daniela Lopes, 12 anos, é aluna na D. Martinho Vaz de Castelo Branco e Mariana Lopes, 10 anos, na Aristides de Sousa Mendes. “Em dias de greve elas têm que acordar cedo e ir na mesma para a escola. Só lá é que sabem se têm ou não aulas. No caso da Mariana cheguei a levá-la à escola às 08h00 e dez minutos depois mandam-na para casa. Às 09h00 tem de estar lá outra vez para saber se tem aulas ou se vem outra vez para casa”, relata o pai, que tem uma boa rede de apoio, mas questiona como fazem os pais que não têm onde deixar as crianças.
Ao nosso jornal Daniela lamenta que os professores compensem as ausências com matéria “dada a correr e de seguida”. Quanto às auxiliares a aluna considera que não são em número suficiente. “Nos intervalos conseguimos perceber que há falta de pessoal no bloco B e no A, porque quando precisamos não está lá ninguém. O bar só tem uma pessoa e às vezes não conseguimos lanchar no intervalo de 10 minutos. Na papelaria é uma fila enorme e só tem duas auxiliares. Há hora de almoço as filas chegam à bancada da rua.
A presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas da Póvoa de Santa Iria, Eugénia Silva, confirma que este é um dos principais problemas e que só é colmatado no pré-escolar e primeiro ciclo. “Estas situações podem prejudicar o ensino dos alunos e a nossa preocupação é saber se estão garantidos tempos de compensação para dar a matéria deixada para trás”, sublinha.
Greve fez-se notar também em Alverca e Vialonga
A Escola Secundária Gago Coutinho, em Alverca, não abriu no dia 6 devido à greve. Já em Vialonga o agrupamento de escolas informou dos constrangimentos da parte da manhã e ressalvou que os professores podiam faltar não se sabendo antecipadamente se haviam ou não aulas. Só funcionou o Bloco B na secundária da parte da tarde mas o pavilhão gimnodesportivo encerrou. Sem constrangimentos e a funcionar normalmente estiveram as escolas do pré-escolar e primeiro ciclo.