Assaltos violentos em casas da Calhandriz

Nos últimos meses foram assaltadas três habitações e há registo de outras duas situações em que os ladrões foram travados pelos alarmes. Há quem prometa fazer justiça pelas próprias mãos e critique a falta de policiamento. Os larápios ainda estão a monte.
Três assaltos violentos em habitações da Calhandriz em quatro meses, de onde os ladrões levaram milhares de euros em ouro e outros bens pessoais, estão a deixar a comunidade preocupada, com medo e a pedir maior policiamento às autoridades. Outras duas habitações foram também alvo de tentativas de intrusão mas valeu o ruído dos alarmes que rapidamente afastou os meliantes. Quem vive na localidade diz que a Guarda Nacional Republicana (GNR) nunca é vista por aquelas bandas e que falta urgentemente maior policiamento de proximidade. O facto do posto mais próximo estar localizado na Castanheira do Ribatejo (a 20 quilómetros) também não ajuda.
A primeira casa a ser assaltada na localidade, no final do ano passado, é da família de Ana Afonso, vereadora na Câmara de Vila Franca de Xira. O assaltante rasgou uma rede mosquiteira e usou uma cadeira do quintal para entrar dentro de casa. Remexeu todas as gavetas de um quarto e sacou tudo o que encontrou que tinha valor. A família apresentou queixa nas autoridades e o caso ficou entregue à investigação criminal.
A insegurança, garante quem vive na localidade, está a piorar. Na manhã de 6 de Janeiro os receios foram confirmados com outros dois assaltos a casas da localidade depois dos ladrões estudarem as rotinas dos proprietários e atacarem quando estes abandonaram as habitações. Numa delas os meliantes levaram o ouro que encontraram e ainda vandalizaram tudo o que estava no caminho, incluindo jarras e outros objectos. No final ainda sacaram latas de atum e comida que estava na cozinha.
Na casa de outra moradora, que quis manter o anonimato com receio de represálias, os assaltantes partiram janelas, invadiram a habitação e remexeram todas as gavetas dos quartos usando luvas para evitarem ser identificados. “Felizmente não tínhamos nada nas gavetas e por isso não conseguiram roubar nada. Mas psicologicamente é muito difícil, sentimos a nossa vida violada e as pessoas sentem-se inseguras”, conta a O MIRANTE.
Os moradores lembram que o facto da Calhandriz ser uma localidade com população envelhecida deveria merecer outro tipo de atenção por parte da GNR. “A Calhandriz tem sido sempre muito esquecida pela câmara e não tem havido nenhuma estratégia nem vontade de que a terra ganhe mais vida, porque não permitem construção para os filhos da terra para que os mais novos aqui se instalem”, lamenta a residente.
Entre quem ali vive há mesmo quem já esteja a prometer fazer justiça pelas próprias mãos. É o caso de João Francisco, de 76 anos, que de caçadeira em punho promete ao jornalista de O MIRANTE que a vai usar caso os gatunos tentem entrar na sua casa. “Mato o primeiro que me tente assaltar”, promete.
GNR diz estar atenta
A GNR confirma a O MIRANTE os furtos e explica que os factos foram remetidos ao Tribunal de Vila Franca de Xira. Aquela força policial diz estar “particularmente atenta” aos acontecimentos da Calhandriz e que continua a desenvolver a sua actividade empenhando várias valências “em acções coordenadas de patrulhamento de forma flexível, promovendo a visibilidade em todos os espaços e procedendo à investigação dos crimes sob a direcção da autoridade judiciária”. A GNR refere que a denúncia é fundamental para auxiliar a monitorização do fenómeno criminal e a gestão operacional dos recursos.