Rua em mau estado inspira versos de moradora de Marinhais
Câmara de Salvaterra de Magos aprovou o alcatroamento de três ruas na vila de Marinhais deixando esquecida a rua onde reside Maria Amélia, autora dos versos onde critica a junta e o município.
Marília Amélia Pinto tem casa em Marinhais há mais de 30 anos mas só há cerca de três anos resolveu morar nessa vila do concelho de Salvaterra de Magos. Actualmente, trava uma ‘luta’ com a Junta de Freguesia de Marinhais e a Câmara de Salvaterra de Magos para ver a sua rua alcatroada. Na Rua dos Nogueiras, conta, vivem cerca de oito famílias e, em relação à estrada de terra batida cheia de buracos, afirma que “toda a gente se queixa, mas penso que a única que refila com a junta sou eu”.
A moradora, reformada desde 2019, diz já ter feito de tudo. Enviou e-mails, telefonou e até já foi ao encontro do presidente da Junta de Marinhais, Joaquim Cardoso. Recentemente decidiu agir de forma original, “sem ofender ninguém”, ressalva, e escreveu um poema no qual descreve a sua inquietude quanto às condições da estrada de que se serve todos os dias.
Maria Amélia contou a O MIRANTE que, para além de os carros sofrerem um grande desgaste e no Verão as piscinas ficarem cheias de terra, houve recentemente um despiste na rua. A moradora acompanhou a repórter até ao local onde restavam ainda as marcas de pneus e até parte do pára-choques do carro. A moradora diz não conseguir compreender por que razão há estradas na zona de pinhal a serem alcatroadas e o mesmo não acontece na Rua dos Nogueiras, que serve moradores e também automobilistas que querem chegar ao centro da vila.
O MIRANTE foi à procura de respostas junto do presidente da junta de freguesia, que esclareceu que a decisão de alcatroar a estrada é da competência da câmara municipal. Ainda assim, todos os anos, antes de o orçamento municipal ser fechado, a Junta de Freguesia de Marinhais envia as suas propostas. Para a vila de Marinhais, detalha Joaquim Cardoso, o orçamento da câmara municipal prevê o alcatroamento de três estradas, processo que deverá estar completo até 2025. A Rua dos Nogueiras, lamenta o autarca, não é prioridade no momento ressalvando que a situação não está esquecida, mas que as condições climatéricas não têm facilitado os trabalhos de nivelamento do piso.
O presidente da junta explica que “para que uma rua seja alcatroada nós, junta de freguesia, e principalmente a Câmara de Salvaterra de Magos, avaliamos determinados critérios. Atendemos principalmente ao histórico de problemas, que se manifestam sobretudo no Inverno quando as ruas alagam. Outros princípios que consideramos são a existência prévia de saneamento na rua e o número de casas. Não podemos também deixar de priorizar as vias que permitem o acesso a infraestruturas públicas como é o caso das escolas”, diz.
Para Maria Amélia é inaceitável que os serviços camarários ainda não tenham vindo nivelar a sua rua este Inverno. “Estiveram cá, em Novembro, uns funcionários da junta de freguesia a limpar uma vala que impede que a estrada fique completamente alagada como já aconteceu em anos anteriores, mas de resto ainda nada foi feito”, avançou.
O presidente da junta faz questão de esclarecer que, para todo o concelho de Salvaterra, só existe uma máquina de nivelamento dos terrenos e que, sempre que esta vem para Marinhais, a junta informa o operador sobre as principais necessidades. “A junta de freguesia está aqui para ajudar, mas as pessoas têm que perceber que a câmara municipal também conhece o terreno porque durante os últimos anos a máquina niveladora de terrenos que lhes pertence, actuou nas ruas de Marinhais e eles sabem onde é que ela foi mais precisa”, conclui.
Sem previsões de ver o seu problema resolvido Maria Amélia termina a conversa com O MIRANTE lamentando que a família e os dois netos mais novos, de cinco e dois meses, não a venham visitar mais vezes por conta do mau estado da rua em que vive.
Os versos de Maria Amélia Pinto
Se esta rua fosse vossa
Já estaria certamente alcatroada
Mas assim, como não transitam nela
Deixam que esteja toda esburacada.
Quem cá mora já não sabe o que fazer
Nossos carros estão fartos de reclamar.
Vamos ter de arranjar uns big foots
P’ra sem medo podermos circular.
Temos casa nesta rua há muito tempo.
E os impostos devidos, nós pagamos.
Nesta altura uma pergunta se impõe.
Onde é gasto o dinheiro que nós damos.
Falando sério, não nos levam a sério.
Vamos tentar brincando.