Com pequenos gestos ajudam na luta contra o cancro no Hospital de Dia de Santarém

No Hospital de Dia de Santarém entram e saem todos os dias cerca de 40 doentes oncológicos. Os tratamentos marcam-lhes as horas e os dias. O tempo custa a passar. Mas há um grupo de voluntários da Liga Portuguesa Contra o Cancro que faz a diferença com pequenos gestos.
Sentiu o chão fugir-lhe dos pés quando soube que algo maligno se tinha instalado no seu estômago, desgastado por uma gastrite crónica. Engoliu as lágrimas ao ver as da neta escorrerem-lhe pelo rosto quando, em Maio de 2022, ouviu pela primeira vez a frase que ninguém quer ouvir: “Tem cancro”. Seguiram-se quatro sessões de quimioterapia. O tumor, “teimoso, não mirrou”. Há três meses veio a operação de remoção total do estômago que lhe deixou o “esófago ligado ao intestino”. Agora, Quitéria Simões vai na segunda de mais quatro sessões de quimioterapia devido à disseminação de células do tumor inicial, mas não se deixa intimidar pela segunda ronda do tratamento que a “faz ir à cama três dias”. Aos 73 anos tem paciência com fartura e muita a vontade de se curar.
Saiu de Salvaterra de Magos à boleia de uma ambulância e ainda não eram 08h30 quando deu entrada no Hospital de Dia do Hospital Distrital de Santarém (HDS) para fazer o tratamento endovenoso. Antes das 16h30 não estará despachada. “Fico aqui o dia todo, sentada nesta cadeira. Levantar só para ir à casa-de-banho e isto vai atrás”, diz enquanto levanta os olhos para a solução branca que lentamente lhe vai entrando nas veias. Enquanto dura vai avançando no nível de dificuldade das palavras cruzadas da revista Sopa de Letras.
*Reportagem desenvolvida na edição semanal em papel desta quinta-feira, 26 de Janeiro