Associação de Regantes e Câmara de Coruche não se entendem sobre a ponte da Escusa
A ponte da Escusa continua fechada por questões de segurança. A população queixa-se porque tem de percorrer mais quilómetros para sair da freguesia do Couço.
A Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sorraia diz que a responsabilidade das obras na ponte é do município de Coruche, mas este não concorda.
A Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sorraia (ARBVS) e a Câmara de Coruche não se entendem sobre a propriedade e a responsabilidade das três pontes que atravessam o rio Sorraia. A ponte da Escusa, situada na freguesia do Couço, é aquela que está a causar maiores constrangimentos à população. A travessia é a que tem mais trânsito e por isso continua encerrada, por motivos de segurança, desde as cheias do mês de Dezembro.
Na última reunião do executivo camarário de Coruche, a presidente da Junta de Freguesia do Couço expressou as suas preocupações durante o período destinado aos munícipes. Ortelinda Graça disse que reuniu com o director delegado da ARBVS, José Núncio, e questionou o presidente da câmara sobre a propriedade daquela ponte. A autarca diz que a população se sente isolada, uma vez que, em alternativa, tem de percorrer cerca de 30 quilómetros até à sede de concelho, ou então usar uma estrada em terra batida. “As pessoas precisam de ter acesso rápido ao Couço. Quem não conhece é fácil perder-se. A autarquia tem de socorrer a população e tem de encontrar alternativas”, sublinhou.
O presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, deu nota de um documento entregue pela ARBVS que declina a responsabilidade pela ponte da Escusa e pelas pontes da Amieira e do Rebocho. “Desde 2011 que a associação tem a mesma posição. Consideram que não têm competência para gerir os caminhos e pontes sobre o rio Sorraia, porque o tráfego não é agrícola e sim municipal. Eu não conheço nenhuma ponte com trânsito exclusivamente agrícola”, exclamou o autarca.
A manutenção e conservação das pontes têm sido assumidas pela ARBVS que chegou a mandar fazer um estudo, em 2020, sobre o estado daquelas infraestruturas. “Se a ponte não é da associação porque assumiram sempre as manutenções e pagaram o estudo?”, questionou Francisco Oliveira.
Em declarações a O MIRANTE, José Núncio afirma que não podem ser os agricultores a assumir o arranjo na ponte da Escusa porque o percurso é municipal. O responsável assume ainda que a Associação de Regantes não tem dinheiro para as obras e nem sequer se pode candidatar a fundos porque não estão disponíveis. José Núncio garante estar disponível para encontrar com a Câmara de Coruche uma solução financeira, que pode passar por dividir despesas. O custo da inspecção que vai ser feita à ponte da Escusa será dividido entre a associação e a autarquia, mas os técnicos só podem avançar depois de limpos os jacintos-de-água. “Vamos fazer a limpeza como nos comprometemos, assim que a água baixar. Vamos avançar no rio todo à medida que vamos conseguindo”, afiançou.