Sociedade | 30-01-2023 21:00

Autarcas criticam “falhas gritantes” nos centros de saúde da Póvoa e Forte da Casa

Autarcas criticam “falhas gritantes” nos centros de saúde da Póvoa e Forte da Casa

Apenas três médicos asseguram o atendimento a 40 mil habitantes.

Eleitos esperam que o plano anunciado pelo ministro da Saúde para dar resposta à falta de médicos nos cuidados primários de saúde da região de Lisboa possa dar frutos rapidamente.

Situação catastrófica, triste, vergonhosa e inconcebível digna de país de terceiro mundo. Esta é a descrição usada pelos autarcas da Assembleia de Freguesia de Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa para classificar o estado actual de funcionamento dos dois centros de saúde da freguesia, onde ficaram apenas três médicos ao serviço para servir 40.871 habitantes. No Forte da Casa, toda a população ficou sem médico, tendo de recorrer ao Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria.
São reclamadas medidas urgentes para resolver os problemas e a assembleia de freguesia reuniu na última semana de forma extraordinária para debater o problema e aprovar um comunicado da comissão de saúde da freguesia onde são dados a conhecer à comunidade os passos dados pelos eleitos para tentar minimizar um problema que não é da sua competência.
O documento foi aprovado com 17 votos a favor da bancada do PS, movimento independente de António Inácio, coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT), Chega e o Bloco de Esquerda. A CDU votou contra por considerar que o documento não apresenta soluções concretas para o problema nem especifica o que aconteceu em cada uma das reuniões realizadas entre a comissão e as diferentes entidades.
No comunicado, que vai ser enviado à tutela, os autarcas lamentam estar a aguardar desde Novembro que o Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo agende uma reunião com a comissão de saúde, pedem a implementação do modelo B de funcionamento nas USF - Unidades de Saúde Familiar (que permite remunerações mais elevadas aos profissionais) e dizem-se indignados pelo pouco respeito que os utentes da freguesia estão a ter nos centros de saúde e a fraca resposta aos problemas. “Repudiamos e estamos ao lado dos utentes e iremos endurecer as nossas posições”, avisam.
O documento fala ainda de “gritantes falhas de comunicação” entre as USF e os utentes, falta de dignidade para com os utentes para conseguirem consultas e de não existir a possibilidade das pessoas poderem entrar nas salas de espera no atendimento complementar tendo de esperar na rua “durante horas” enquanto as instalações estão vazias.

Um flagelo que exige soluções
Catarina Lourenço, do Bloco de Esquerda, e Manuela Viriato, da CDU, pediram a valorização dos profissionais de saúde, melhoria dos salários para captar profissionais e centros de saúde com melhores condições. Para David Alves, da Coligação Nova Geração, a situação actual é um flagelo e voltou a defender o modelo de teleconsulta para ajudar os utentes numa primeira fase.
Para o independente António Inácio a situação é “extremamente grave” e acusou a presidente da junta, Ana Cristina Pereira, de não pressionar a Câmara de Vila Franca de Xira a encontrar soluções como fizeram outras freguesias da região. “No Forte da Casa o centro de saúde está em degradação total, nunca esteve tão mal, abandonado, como hoje”, criticou. No entender do Chega a situação é “uma catástrofe” e as soluções de remendo não vão ajudar quem precisa. Também o PS classificou a situação de caótica e apelou a que se dê mais algum tempo ao ministro da Saúde para tentar resolver o problema.
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, anunciou na última semana a criação de um plano específico para a região de Lisboa e Vale do Tejo para tentar resolver alguns dos problemas dos cuidados primários de saúde. O plano, que irá conter um conjunto de medidas, está ainda a ser preparado e visa melhorar o acesso aos cuidados de saúde familiar aumentando o número de utentes com equipa de saúde familiar. Dos mais de 1,2 milhões de utentes sem médico no país mais de 800 mil estão na região de Lisboa e Vale do Tejo.

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