Demolição das chaminés históricas em Torres Novas é um crime contra o património

Tiago Ferreira, vereador no executivo de Torres Novas, diz que a demolição das chaminés da antiga fábrica Alves das Lãs é um crime contra o património industrial. Agora, sublinha, a autarquia está nas mãos do grupo comercial, salientando que não acredita que as chaminés vão ser reconstruídas.
Depois de mais uma ida do gerente do futuro Intermarché à reunião de câmara de Torres Novas, onde pediu aos autarcas “ajuda para conseguir abrir a nova superfície comercial até ao final do ano”, O MIRANTE falou com Tiago Ferreira, vereador do PSD no executivo municipal, que classificou a demolição das chaminés históricas da antiga fábrica Alves das Lãs como um “crime contra o património industrial”. Recorde-se que a obra de construção da superfície foi embargada pelo município no final do ano passado por causa da empresa ter demolido as chaminés à revelia da câmara e depois de, no projecto de demolição, ter sido garantido que as chaminés iam ser mantidas, algo que causa estranheza ao social-democrata.
Tiago Ferreira não tem dúvidas que o município “está limitado na acção”. Na sua opinião devia ter sido antecipado o problema criando condições e linhas orientadoras, através do Plano de Pormenor da Cancela do Leão, que está para ser concluído há vários anos. Perante a realidade actual, o social-democrata afirma, com convicção, que a população nunca mais vai ver as chaminés de pé. “O executivo teve fé no projecto do construtor e agora não tem legitimidade para exigir nada. Estamos nas mãos do grupo empresarial e no projecto de revisão que já prometeram entregar. Uma coisa é certa, não os podemos obrigar a reconstruir as chaminés porque não houve pro-actividade da câmara no tempo certo”, sublinha.
Tiago Ferreira diz que é de bom tom que Vasco Simões, gerente do grupo comercial, vá às reuniões camarárias discutir uma solução para o problema. No entanto, refere que não são os políticos que decidem, mas os técnicos do município. “Não basta mostrar preocupação ao executivo. Se não apresentar um novo projecto com uma solução adequada não temos competência para decidir”, afirma. Importa referir que a câmara municipal só pode embargar uma obra por duas vezes.
Maquete em ponto grande
Na reunião de executivo de 18 de Janeiro, Vasco Simões interveio para apresentar uma solução que “preserve a memória do espaço” e que envolve a construção de uma maquete de grandes dimensões da antiga fábrica, que poderá ser desenvolvida recorrendo a alguns ex-funcionários. Em declarações a O MIRANTE, Luís Silva, vice-presidente do município sublinha que ainda não foi entregue o projecto alterado, mas não exclui esta hipótese como solução para o problema. Sobre se as chaminés vão ou não ser reconstruídas, Luís Silva diz que só tem a certeza que vai ser mantido o que ficou de pé.
BE diz que foi acto planeado
A destruição das chaminés da antiga fábrica Alves das Lãs é um crime contra o património arquitectónico e histórico de Torres Novas, referiu o Bloco de Esquerda de Torres Novas em nota de imprensa publicada a 22 de Novembro de 2022. Para a concelhia “a destruição das chaminés foi um acto planeado e premeditado, conforme esclarecimento do próprio dono da obra”. O BE assumiu que as chaminés devem ser repostas tal e qual como estavam. No entanto, segundo apurou O MIRANTE, o BE tinha uma proposta para apresentar nesse sentido, mas a Mesa da Assembleia Municipal de Torres Novas, na última sessão, conseguiu demover os bloquistas.