Sociedade | 01-02-2023 18:00

Solidariedade para ajudar jovem tetraplégico superou todas as expectativas

Solidariedade para ajudar jovem tetraplégico superou todas as expectativas
André Durães e a mãe Isabel Espírito Santo não esperavam uma onda de solidariedade tão grande

Os amigos de André Durães uniram-se para angariar dinheiro com o objectivo de adaptar o carro da mãe de modo a facilitar a entrada e saída do veículo ao jovem de Vila Chã de Ourique que sofre de uma doença degenerativa.

A campanha de solidariedade deu ainda para comprar uma cadeira de rodas eléctrica, ampliar o seu quarto e adaptar a casa-de-banho. Dinheiro que sobra vai servir para que André tenha acesso a novas terapias que melhorem a sua condição física.

Isabel Espírito Santo não esperava uma onda de solidariedade tão grande à volta do filho, André Durães, de 31 anos, que sofre de neuromielite óptica seronegativa, uma doença que deixou o jovem de Vila Chã de Ourique tetraplégico e preso a uma cadeira de rodas quando tinha 27 anos. Os amigos de André uniram-se e aproveitaram a tradicional festa da freguesia para angariar dinheiro. O objectivo inicial era adaptar o carro de Isabel para facilitar a entrada e saída do filho. No entanto, a solidariedade das pessoas superou todas as expectativas.
Além da adaptação do automóvel, foi possível partir uma parede que dividia dois quartos e transformar o espaço no quarto de André, que aguarda a mudança para uma porta de correr de modo a facilitar-lhe a movimentação. A casa-de-banho foi também toda adaptada. A 23 de Dezembro do ano passado os amigos entregaram uma cadeira de rodas eléctrica que foi a verdadeira prenda de Natal. “Com esta cadeira eléctrica consigo uma independência que não tinha até aqui. Posso sair de casa sozinho e só isso é uma sensação de liberdade indescritível. Até aqui dependia da minha mãe para tudo e agora já posso ficar em casa e quando me apetece vou sozinho ter com ela”, conta a O MIRANTE enquanto mostra as modificações em sua casa. Também o portão de casa foi automatizado.
As lágrimas correm pelo rosto de Isabel Espírito Santo quando recorda a O MIRANTE a onda de solidariedade. A mãe de André é a sua cuidadora, que concilia com o trabalho na Taberna do Gil, à entrada de Vila Chã de Ourique, concelho do Cartaxo, estabelecimento propriedade da família desde o bisavô de André. “Não temos como agradecer tanta generosidade. Somos muito gratos pelo tanto que têm feito pela nossa família. O André está feliz e isso deixa-me de coração cheio”, sublinha Isabel.
O dinheiro que sobrou vai servir para André ter acesso a novas terapias para melhorar a sua mobilidade. Um dos objectivos de André é entrar numa unidade de cuidados continuados para recuperar mais movimentos. “A fisioterapia que faço em casa serve para não perder mobilidade, mas preciso é de ganhar mais mobilidade e melhorar a minha condição”, refere.

Ficou paralisado e numa cadeira de rodas aos 27 anos
André Durães foi uma criança e um jovem saudável até aos 27 anos quando começou a perder força na perna direita. Rapidamente perdeu a mobilidade do lado direito. Procurou ajuda médica tendo sido encaminhado para a especialidade de Neurologia. No dia seguinte à consulta ficou paralisado. O diagnóstico surgiu algum tempo depois: neuromielite óptica seronegativa, uma doença degenerativa que o atirou para uma cadeira de rodas com 80% de incapacidade.
“Os médicos ainda não têm a certeza absoluta em relação à minha doença, mas sabem que é uma doença da família da esclerose múltipla”, explica André Durães a O MIRANTE. O jovem conta que os dias mais difíceis são quando fica muito tempo em casa sozinho. Faz fisioterapia duas vezes por semana. Antes da doença era no café da mãe que trabalhava todos os dias e ajudava a servir às mesas.
Tem saudades desses tempos mas confessa já ter aceitado a doença. O mesmo não acontece com a sua mãe, que tem mais dois filhos. “Foi tudo muito inesperado e não há ninguém na família com a doença do André. Acho muito injusto o que aconteceu ao meu filho. Sentir a força que ele me transmite é o que me dá coragem para continuar”, refere enquanto enxuga as lágrimas com a mão.
André Durães esteve duas vezes, por um período de dois meses e meio, no Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão. Da primeira vez conseguiu colocar-se em pé e da segunda vez também viu melhorias na sua condição física.

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