Centro Social de Ortiga aposta na continuidade sem dívidas e com melhores condições
Órgãos sociais do Centro Social de Ortiga reeleitos por mais quatro anos. Presidente da direcção quer manter a instituição sem dívidas, com os salários em dia e queixa-se da falta de apoios por parte do Estado.
Os órgãos sociais do Centro de Solidariedade Social Nossa Senhora das Dores de Ortiga, no concelho de Mação, foram reconduzidos por mais quatro anos depois de apenas uma lista se ter apresentado a sufrágio no sábado, 28 de Janeiro. Há cerca de um mês foi realizada uma tentativa de novas eleições, mas nenhuma lista se candidatou. “Face a não haver listas, de acordo com as regras, fizemos alguns ajustes e uma nova eleição com os corpos actuais”, disse a O MIRANTE o presidente da direcção, Afonso Matias, que desde 2006 está à frente dos destinos do Centro Social.
Para Afonso Matias “cada vez os gastos são maiores e as receitas menores”. Explica que o centro social funciona em duas áreas - postos de trabalho e no apoio à terceira idade – e queixa-se da falta de apoios por parte das entidades oficiais. “Não há sensibilidade do Estado para fazer face às despesas”, acusa. “Não consigo perceber porque é que as IPSS pagam 23% de IVA e as câmaras municipais pagam 6. Porquê?”, questiona o presidente da instituição mostrando-se contra o facto de a Taxa Social Única, por exemplo, ser igual à de uma empresa; “é desgastante. Imagine que estamos a pagar a água num escalão como se fosse uma empresa”, lamenta.
Afonso Matias, 77 anos, reassume os destinos do Centro Social de Ortiga naquele que será o seu último mandato. “Até já fui utente do lar numa altura em que parti o fêmur. Estive aqui dois meses e fiz questão de pagar o que tinha de pagar. Até pus os recibos na vitrine porque havia umas empregadas que pensavam que eu estava aqui de graça”, conta, revelando que deixa 30 cêntimos na sua secretária por cada garrafa de água que bebe.
Quanto aos objectivos deste novo mandato Afonso Matias confidencia que quer manter o Centro Social sem dívidas e com os salários em dia. “Vamos ter de cumprir com o aumento do salário mínimo nacional, sou a favor dele, mas é mais uma grande fatia porque não são só os ordenados, são os impostos em cima disto tudo”, considera o presidente. Os corpos sociais orgulham-se de ter um médico destacado na instituição, algo que há 12 anos não havia, bem como um nutricionista e um fisioterapeuta que servem os cerca de 40 utentes do lar residencial.
Outro dos projectos em cima da mesa é a construção de um espaço exterior com jardim. “Os utentes estão confinados ao espaço interior e seria bom para eles uma vez que são pessoas do campo e o ar exterior é muito importante”, revela Elsa Severino, arquitecta paisagista autora do projecto, eleita como suplente da direcção. “É um objectivo pelo qual vou lutar”, refere.