Sociedade | 06-02-2023 18:00

Ruptura entre associação e Câmara de Azambuja encerra Convento das Virtudes

Ruptura entre associação e Câmara de Azambuja encerra Convento das Virtudes
Divergências entre Câmara da Azambuja e Associação Cultura e Recreio de Virtudes levou ao encerramento do Convento de Santa Maria das Virtudes

Câmara de Azambuja quebrou protocolo com a Associação Cultura e Recreio de Virtudes, referente à partilha da gestão do Convento das Virtudes, alegando incumprimento. Dirigente da associação acusa a autarquia de má fé e avisa que estão de relações cortadas. Edifício do século XV está de portas fechadas.

A relação da Associação Cultura e Recreio de Virtudes com a Câmara de Azambuja entrou em ruptura e levou a que o Convento de Santa Maria das Virtudes fechasse portas à população. Em causa está a extinção - segundo a autarquia por incumprimento - de um protocolo entre as duas entidades celebrado em Junho de 2021 e que conferia à associação a responsabilidade pela abertura do espaço a visitantes. Entretanto, recorde-se, a câmara alocou uma funcionária municipal ao espaço, mas esta foi suspensa por não cumprir com as funções atribuídas.
O responsável pela associação, Pedro Graça, diz a O MIRANTE que a colectividade fundada em 1994 deixou de estar disponível para colaborar com a Câmara de Azambuja, quer na gestão do convento quer em eventos por esta organizados. “Não trabalhamos com pessoas assim, sem carácter e sem palavra”, afirma o dirigente, sublinhando que desde 2010 que a associação tinha em sua posse a chave do Convento das Virtudes e que “nunca houve nenhum problema”.
Para justificar a extinção do protocolo a Câmara de Azambuja alegou que a associação não cumpria com o horário de abertura estipulado, mas Pedro Graça refuta dizendo que “em lado nenhum estava escrito” que tinham que abrir o convento durante seis horas por dia, inclusive ao fim-de-semana. Na opinião do dirigente, o vice-presidente do município, António José Matos, agiu “à má fé” quando “foi fazer de polícia para a porta do convento” para saber se estava aberto e “não teve a hombridade de falar com a associação” antes da extinção do protocolo. “Portou-se como um cachopo”, afirma, repetindo a expressão usada na última Assembleia Municipal de Azambuja para se referir ao comportamento do vice-presidente que tem o pelouro da Cultura.
O presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Baixo, José Martins, lamenta a O MIRANTE que o convento não esteja a ser dinamizado e alerta que o edifício do início do século XV, reconstruído pela câmara municipal, se “está a degradar de dia para dia”.

Associação reclama dívida à câmara
Pedro Graça alega que até hoje a comissão administrativa que gere a associação não foi notificada da extinção do protocolo e que, além disso, a autarquia está em dívida para com a associação uma vez que o acordo estabelecia um apoio de 300 euros mensais. “O protocolo durou oito meses e dez dias e só recebemos o pagamento de seis meses. E se acharem que não merecemos o dinheiro então que o justifiquem”, diz, acrescentando que o convento era aberto por um elemento da associação sempre que era possível.
O presidente do município, Silvino Lúcio, afirmou em assembleia municipal que desconhecia que a câmara era devedora de alguma verba à associação e que iria averiguar a situação. “É verdade que houve uma denúncia do protocolo que foi firmado com a associação com intuito de garantir à associação uma determinada verba mensal para fazer face aos custos que tinha”, disse.

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