Situação económica e falta de creches preocupa pais de Torres Novas

A iniciativa “Apoio à Natalidade – Bebé a Bordo”, promovida pela União de Freguesias de Santa Maria, Santiago e Salvador, entregou cabazes a cinco casais que foram pais recentemente. O MIRANTE falou com dois casais que confessam os seus receios por viverem numa época instável financeiramente e por não existirem vagas nas creches.
Paulo e Ana foram pais da pequena Maria Clara há três meses. Jorge e Patrícia tiveram o pequeno António. Não se conhecem, mas têm em comum o facto de serem apoiados pela iniciativa “Apoio à Natalidade – Bebé a Bordo”, da União de Freguesias de Santa Maria, Salvador e Santiago, no concelho de Torres Novas.
A O MIRANTE Paulo e Ana revelam que queriam dar um irmão ou irmã a José, de quatro anos, mas por razões profissionais já tinham colocado de parte a ideia. “Sem querer apareceu a Maria Clara para voltarmos a sentir uma emoção e alegria incríveis”, afirmam com um sorriso. Patrícia e Jorge já têm dois filhos e também não tinham planeado voltar a ser pais. Mas o pequeno António surpreendeu o casal que se confessa feliz e diz que vai ser “um sacrifício bom” cuidar de três filhos.
Os dois casais têm noção que os bebés chegaram numa altura em que o panorama económico não é o mais favorável; há receios pela estabilidade da família, mas acima de tudo pela qualidade de vida e segurança que podem dar às crianças. “Vai ser desafiante. Se mantivermos as condições de hoje acho que conseguimos viver com estabilidade. Se piorarem podemos sofrer com as dificuldades”, admite Paulo que considera o apoio da junta uma mais-valia. Paulo, engenheiro e inspector de Segurança no Trabalho, reconhece que, felizmente, consegue estar presente na vida familiar e não pensa em abandonar o concelho de Torres Novas, onde nasceu e cresceu. “Não fazemos intenção de abandonar a nossa terra. Estamos muito enraizados e gostamos de aqui viver”, afirma.
Não há vagas nas creches
A situação das creches aflige os casais. Nenhum conseguiu vaga e a solução passa pelos avós ou por reduzirem o salário para poder tomar conta dos filhos. Jorge é torrejano e Patrícia é peruana. Apaixonaram-se na universidade e fizeram de Torres Novas a sua casa. A falta de vaga para o pequeno António tem sido colmatada com o tele-trabalho. Patrícia trabalha em regime híbrido numa empresa de Lisboa que lhe deu a hipótese de trabalhar a partir de casa. O casal revela a intenção de trazer a mãe de Patrícia do Perú para ajudar no que for necessário. Quanto às dificuldades que possam encontrar pelo caminho, ambos pensam da mesma forma: “com muito amor e concordância tudo se resolve”. Com Paulo e Ana aconteceu o mesmo problema, mesmo sendo Ana colaboradora num jardim-de-infância da cidade. “Ou arranjamos alguém que tome conta dela ou então tenho que vir para casa”, explica Ana.
250 euros para apoiar famílias
A iniciativa “Apoio à Natalidade – Bebé a Bordo”, promovida pela União de Freguesias de Santa Maria, Santiago e Salvador, entregou cinco cabazes no sábado, 21 de Janeiro, a cinco casais que foram pais recentemente. O evento decorreu no café Mercado dos Sabores, do Centro de Reabilitação e Integração de Torres Novas. Um dos grandes objectivos da iniciativa prende-se com a vontade de fixar jovens casais no concelho, refere Pedro Morte, presidente da junta. Foram apresentadas cinco candidaturas ao programa e todas foram aceites. É atribuído um apoio monetário de 200 euros ao casal quando nasce a criança e depois o cabaz com produtos no valor de 50 euros. Os cabazes são elaborados tendo em consideração uma consulta prévia aos pais para se perceber que produtos são mais necessários ou para conhecer qualquer tipo de alergias da criança.