Sociedade | 07-02-2023 07:00

Atlético Clube de Pernes fez 80 anos com estabilidade financeira e novos projectos

Atlético Clube de Pernes fez 80 anos com estabilidade financeira e novos projectos
Atlético Clube de Pernes comemorou o 80º aniversário em Janeiro e continua a apostar na formação de jogadores de futebol

O Atlético Clube de Pernes é o terceiro clube mais antigo da Associação de Futebol de Santarém.

Surgiu da fusão dos clubes Estrela e Lusitanos, há 80 anos. O aniversário foi assinalado em Janeiro. Antes da pandemia de Covid-19 o clube tinha cerca de 120 atletas e actualmente conta com 71, um número muito abaixo do que estão habituados. É no bar que sócios e amigos se encontram para passar algum tempo e é ali que o clube tem uma boa fonte de receita, embora a principal seja o apoio do município.

Mais atletas, um novo relvado sintético e um campo de futebol maior. Estes são os objectivos que os dirigentes do Atlético Clube de Pernes gostariam de concretizar no ano em que o clube comemora 80 anos. O vice-presidente da direcção, Vítor França, explica que a Câmara de Santarém já disponibilizou o dinheiro para mudar o tapete do sintético e que a obra avançará, se não houver imprevistos, no final da época. O campo de futebol pertence à Tufeira, espaço de casamentos e baptizados, a quem o clube paga uma renda mensal de 400 euros, e é necessário pedir autorização para efectuar a obra.
Também está previsto ampliar o campo de futebol, o que vai implicar a demolição e reconstrução do bar do clube. É no bar que sócios e amigos do clube se encontram para passar algum tempo e é ali que a colectividade tem uma boa fonte de receita, embora a principal seja o apoio da Câmara de Santarém. Financeiramente o clube está estável e tem um orçamento anual de cerca de 50 mil euros.
Antes da pandemia de Covid-19 o clube tinha cerca de 120 atletas e actualmente conta com 71, um número muito abaixo do que estão habituados. “Depois da pandemia estamos a tentar recuperar e aumentar o número de atletas mas não tem sido fácil. O ano passado, por exemplo, tivemos que extinguir a equipa de infantis porque tínhamos oito atletas mas entretanto três desistiram”, conta Vítor França a O MIRANTE, acrescentando que apesar da diminuição do número de atletas a Câmara de Santarém manteve o apoio financeiro.

“Somos pequenos e há pouca gente disponível para o associativismo”
O vice-presidente, que está no cargo há seis anos, é um dos principais obreiros do clube. Juntamente com Jorge Gomes, que pertence aos órgãos sociais do clube há cerca de três décadas, estão disponíveis de domingo a domingo, como costumam dizer. Vítor França, 68 anos, não tem vontade de continuar na direcção uma vez que lhe ocupa muito tempo que rouba à família. Gostava que aparecesse gente nova para agarrar no clube mas garante que não vai abandonar o barco se não aparecer ninguém.
“É difícil ser dirigente associativo porque é preciso muito amor ao clube e muita carolice, ainda por cima com um clube desta dimensão. Somos pequenos e há pouca gente disponível para o associativismo. Temos que estar sempre disponíveis e com a minha idade já gostaria de passar mais tempo em casa”, confessa o antigo construtor civil, agora reformado. No entanto, defende que os cargos de dirigentes associativos não devem ser remunerados porque desvirtuava tudo o que é ser dirigente associativo.
Em Pernes está o terceiro clube mais antigo da Associação de Futebol de Santarém. Surgiu da fusão dos clubes Estrela e Lusitanos, há 80 anos. O clube aposta na formação mas não é fácil manter os atletas. Falam com os pais para os filhos praticarem futebol no AC Pernes mas não é fácil manter um atleta até ao final do escalão de formação. “Os clubes maiores do distrito, como a Académica de Santarém ou a União de Santarém, levam os nossos melhores atletas. Ficamos felizes por eles, porque vão para clubes de maior dimensão e visibilidade, mas o nosso trabalho torna-se inglório porque vamos à procura dos miúdos mas eles depois não ficam”, sublinha.
O AC Pernes tem 71 atletas dos quatro aos 60 anos nos vários escalões de formação, além dos seniores e veteranos, à excepção de juvenis e iniciados, onde não conseguiram formar equipas. Os atletas aprendem direitos e deveres, sentido de responsabilidade e os dirigentes e treinadores alimentam o sonho de cada jogador ser melhor a cada dia que passa. “O mais importante é serem felizes. Podem ser campeões mas se não forem felizes não vale a pena. A nossa principal ambição é que o jogador respeite o próximo e seja feliz. Criamos o homem e depois o atleta”, considera.

O dirigente associativo que foi craque nas artes marciais

Vítor França é uma figura incontornável no clube. Com 68 anos, tem nove filhos, dez netos e três bisnetos. A sua relação com o clube surgiu quando os seus filhos foram jogar para o Atlético Clube de Pernes e começou a acompanhá-los, até que foi desafiado para a direcção e faz de tudo um pouco. Actualmente, tem o filho Bernardo, de 23 anos, a jogar na equipa sénior; Afonso, de 14 anos só não está no clube porque este ano não há equipa para ele. “Está a jogar futsal no CAS, de São Vicente de Paul, para não perder o ritmo”, revela. Maria Inês, de 11 anos, joga na equipa masculina. “Já tivemos equipa feminina mas agora só temos duas meninas no nosso clube. Jogam com os rapazes e saem-se muito bem”, conta.
A esposa de Vítor França, Mafalda, toma conta do bar e é a responsável por servir almoços e jantares. A família está quase toda no clube e só assim conseguem dar conta de todo o trabalho que é necessário fazer. Desde a lavandaria, que está a cargo de Jorge Gomes e de uma das filhas de Vítor, até à limpeza de balneários que é feita pelo vice-presidente. Por vezes, tem a ajuda dos pais dos jogadores que auxiliam na limpeza das bancadas. “É preciso muito amor ao clube para fazermos tudo o que fazemos”, admite.
Vítor França jogou futebol até ir para a tropa. Leões de Santarém e Académica de Santarém foram os seus clubes. Fez três comissões em África, na Guerra do Ultramar. Quando regressou começou a praticar artes marciais, o que faz há 47 anos, e chegou a conquistar vários títulos. Trabalhou durante 14 anos no norte de África, numa empresa de construção civil, até se reformar há seis anos, altura que regressou a Santarém vivendo actualmente em São Vicente do Paul.

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