Sociedade | 08-02-2023 12:00

Vasco Filipe diz que foi agredido com violência por militar da GNR

Vasco Filipe diz que foi agredido com violência por militar da GNR
Vasco Filipe foi assistido no Hospital de Vila Franca de Xira na presença da GNR e do suposto militar agressor

Foi mandado parar na estrada por uma patrulha da GNR que o deteve, segundo garante, sem razão legítima.

Vasco Filipe diz ter sido brutalmente agredido a murro e pontapé no veículo da Guarda e numa cela do posto onde foi deixado sozinho, a sangrar. Sofreu um traumatismo craniano e ficou com vários hematomas. GNR diz que vai abrir processo interno para averiguações.

Vasco Filipe garante que foi agredido por um militar da Guarda Nacional Republicana (GNR) depois de ter sido mandado parar e de ter mostrado descontentamento por a patrulha, que seguia atrás do seu carro há vários minutos, o ter feito parar num local onde não havia segurança e impedia a normal circulação do trânsito. A situação ocorreu no Carregado. A GNR confirma que nesse dia, 6 de Janeiro, Vasco Filipe foi detido pelo crime de desobediência durante uma fiscalização rodoviária e que os factos foram reportados ao Ministério Público. A Guarda refere ainda que vai proceder ao levantamento de um processo de averiguações internas com o objectivo de melhor apurar os factos.
“Quando vou buscar o seguro à carrinha atira-se para cima de mim, bato com a cabeça no alcatrão e fico inconsciente durante alguns segundos. Quando acordo e digo que me estava a sentir mal mete-me o joelho na cabeça, tira-me o braço debaixo do corpo e algema-me”, conta a O MIRANTE, Vasco Filipe, 49 anos, explicando que não ofereceu qualquer resistência. Depois de as agressões terem continuado, inclusive dentro do posto, e de ter recebido tratamento hospitalar, apresentou queixa na PSP de Vila Franca de Xira.
Já no interior da viatura da patrulha o mesmo militar senta-se ao lado de Vasco Filipe enquanto uma militar conduz. “Foi a desferir-me murros na cabeça e na parte esquerda da minha face do Carregado até Alenquer, onde é o posto da GNR e disse-me: se me sujares o carro de sangue levas mais. Cheguei ao posto todo ensanguentado”, refere. Mas o pior ainda estava por vir. Depois de ter sido levado para uma cela do posto alega que as agressões continuaram, mais violentas e com outros militares a assistir. “Deu-me mais chapadas, murros, joelhadas nas coxas e nos testículos. Estive uma hora a levar porrada”. Depois foi deixado sozinho a sangrar. Os bombeiros, chamados ao posto pela GNR, foram a sua “salvação”.
Vasco Filipe foi desalgemado e transportado em ambulância para o Hospital de Vila Franca de Xira onde foi assistido. Na viagem, assim como durante o tempo em que esteve a ser observado pelos profissionais de saúde, esteve sempre acompanhado por um militar da GNR. Fora da unidade hospitalar estavam, estima, três carros de patrulha. Estiveram “sempre perto” para que não relatasse o que tinha acabado de lhe suceder. Além dos hematomas e inchaços, confirmou-se que sofreu um traumatismo craniano. “Nunca na minha vida achei que isto me acontecesse”, diz, explicando que o militar agressor, na casa dos 20 anos, foi quem lhe entregou, dentro da unidade hospitalar, os papéis para a sua libertação.

Imagens captadas apagadas à força

Quando foi mandado parar, Vasco Filipe, pintor de construção civil de profissão, estava acompanhado por um colega que assistiu a tudo e filmou, com o telemóvel, parte das agressões. Contudo, alega, os vídeos foram apagados à força pela GNR. Situação semelhante aconteceu no hospital quando o seu cunhado e a sua mulher fotografaram o alegado agressor. “Foram ameaçados, agarram-lhes o telemóvel e apagaram todas as fotos”, diz.

Perseguições após a agressão

Nos dois dias seguintes à agressão Vasco Filipe diz que andou a “ser seguido pelo agressor”. Coincidentemente, a sua mulher foi multada por falta de inspecção ao veículo e estacionamento em local indevido enquanto estava numa reunião. “Mandaram chamá-la e a primeira coisa que lhe perguntaram foi se era a mulher do Vasco. Foi por vingança? Não sei de quê porque fui agredido e nem reagi”. Com o processo de queixa-crime a decorrer Vasco Filipe admite ter receio que algo mais possa acontecer.

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