Afonso Mendonça visitou mais de 30 países ao volante de um carro com mais de 30 anos

Noruega, Hungria e Grécia são alguns dos países que o jovem Afonso Mendonça, natural de Azambuja, já percorreu ao volante do Volkswagen Golf de 1988. São muitas as aventuras a bordo do carro, que trata por Milhas, e com o qual pretende continuar a correr mundo.
Quando comprou o carro no OLX em 2018, por 1.600 euros, Afonso Mendonça nunca pensou viver tantas aventuras ao volante do Volkswagen Golf de 1988. O jovem de 24 anos nasceu nas Virtudes, no concelho de Azambuja, onde se recorda dos primeiros anos de escola, de apanhar pinhões e passear no pinhal. Mudou-se para a Póvoa Velha, uma aldeia na encosta da Serra da Estrela. É lá que gere uma unidade de turismo rural com o pai. Vem ao Ribatejo visitar regularmente o avô, que vive nos Casais Lagartos, concelho do Cartaxo. Cresceu numa família que sempre gostou de viajar, quase sempre de carro. Comprou o Volkswagen Golf depois de o Opel Corsa de 1996 se ter avariado. Afonso Mendonça queria um carro mais velho. “Quando vi o carro gostei logo pelo factor visual. A matrícula era preta. Quando o trouxe tinha os tubos de admissão rotos. Meti-lhe uma suspensão nova e fiz alguns melhoramentos”, conta.
O intuito não era fazer viagens com o carro que, entretanto, ganhou personalidade e é tratado por Milhas. Mas a oportunidade surgiu quando foi estudar ao abrigo do programa Erasmus, em Budapeste. Desafiou os amigos a irem no Milhas até à capital da Hungria. “Avisei que a viagem não seria muito confortável. Mas levei a caixa de ferramentas e pensei - logo se vê. Não houve problemas graves na viagem, mas já em Budapeste parti um rolamento do carro e fiquei praticamente sem uma das rodas. Por acaso um amigo estava a passar uns dias em Budapeste e ajudou-me a tratar da situação”, explica.
Uma viagem a Budapeste transformou-se na visita a mais de 32 países com o Milhas. A partir da capital húngara percorreu outros destinos e viveu peripécias com o carro. “Quando regressei a Portugal os meus amigos adoravam as histórias que contava das aventuras com o carro. Quando voltei, fiquei com o bichinho e fui com o Milhas até à costa sul de França e Itália”, diz o jovem, licenciado em turismo e lazer e que e aprendeu mecânica com o pai, no youtube e a mexer nos carros.
Afonso Mendonça viajou sozinho dos Balcãs até à Grécia e percorreu com o carro 10 mil quilómetros em duas semanas. Mas a maior peripécia que viveu foi na viagem à Noruega. Ainda estava em Espanha quando partiu a transmissão do Milhas na autoestrada e o carro ficou imobilizado. Andou seis quilómetros a pé até à cidade mais próxima e quando lá chegou percorreu lojas e ferros velhos à procura da peça para o carro andar. Não foi bem sucedido e ligou ao pai. “O meu pai, que estava na Noruega, conseguiu arranjar a peça que precisava e chegou ao pé de mim e do carro às quatro da manhã. Resolvemos o problema à beira da estrada e depois segui caminho. Foi a situação que até hoje demorou mais a resolver”, relata.
Na última viagem que fez estava a 400 quilómetros de casa quando a caixa de velocidades se partiu. Resultado: veio a conduzir em quarta velocidade até Portugal. Nada que o faça desistir de ficar com o Milhas. Com 426 mil quilómetros, Afonso diz que “o coração do carro” está bom. Mas mesmo que o motor se estrague compra outro. “Este é o meu carro e mesmo que me ofereçam uma mão-cheia de dinheiro não o vendo. Vou mantê-lo porque tem valor sentimental”.
Marrocos e Escócia são os próximos destinos
A próxima viagem de Afonso Mendonça tem como destino Marrocos e já está marcada para Maio. Depois o Milhas vai até à costa norte da Escócia. Mas o sonho de Afonso é mesmo percorrer a famosa Route 66, nos Estados Unidos. “Possivelmente o Milhas não poderá viajar até lá, pelos custos envolvidos, mas era uma viagem que gostava mesmo de fazer”.