O Largo do Rossio, no centro da vila de Azambuja, vai ser embelezado com uma peça escultórica em homenagem aos trabalhadores rurais que antigamente se concentravam naquela zona para conseguir trabalho. A iniciativa, que partiu da Junta de Freguesia de Azambuja e conta com o apoio da câmara municipal, pretende também ser um tributo aos sete trabalhadores rurais presos em Maio de 1944 por terem feito greve, reclamando melhorias salariais.
“Numa altura em que era impensável existir a palavra greve estas pessoas tiveram a coragem de dizer não à prestação de trabalho pelas dificuldades que se faziam sentir numa altura em que a miséria entrava nesta vida”, disse o presidente de junta, André Salema, na última reunião do executivo, onde a proposta para a aquisição do serviço por ajuste directo foi aprovada por unanimidade. A escultura com 2,10 metros de largura e 2,30 metros de altura vai ser criada pelo escultor Pedro Marques e vai custar 4.905 euros, que vão ser suportados em partes iguais pela Câmara de Azambuja e Junta de Azambuja.
Numa nota que tornou pública, a Junta de Azambuja sublinha que a construção do memorial pretende “perpetuar a antiga Praça da Jorna”, actual Largo do Rossio, para onde, da Primavera e até ao Outono, os camponeses do concelho se deslocavam na esperança de conseguirem trabalho nos campos da Lezíria ribatejana.
A 8 de Maio de 1944, ano em que ainda se travava a Segunda Guerra Mundial, os trabalhadores do campo fizeram greve para reclamar melhores salários e alertar para a carência económica que os “arrastava para a fome”, tal como manifesta o livro de Américo Brás Carlos ‘A Greve Camponesa de 8 de Maio de 1944 em Azambuja e Baixo Ribatejo’. Nesse ano Portugal permanecia sob o regime ditatorial de Oliveira Salazar.