Homicídio em garagem de Alverca com vários cenários possíveis

Morador estranhou gritaria na garagem do prédio e chamou a polícia, que apanhou os suspeitos com as facas na mão e junto ao corpo da vítima. PJ avalia todos os cenários do crime ocorrido na Quinta da Ómnia, em Alverca do Ribatejo.
Crime passional, ajuste de contas ou auto-defesa: todos os cenários estão em cima da mesa para os investigadores da Polícia Judiciária (PJ) que estão a analisar o homicídio à facada de um homem, de 43 anos, numa garagem em Alverca na tarde de sábado, 25 de Fevereiro.
A vítima deslocou-se a um prédio na Quinta da Ómnia onde já não vivia há duas semanas para, alegadamente, exigir ver os filhos que tinha com a ex-companheira mas a visita acabou em tragédia. Fonte policial admite a O MIRANTE que não está afastada a tese de que o crime possa ter sido premeditado ou planeado pelos suspeitos, um holandês, de 21 anos, e a actual mulher, de 43, entretanto detidos para interrogatório depois de terem sido encontrados pela polícia, alegadamente, com facas nas mãos, ensanguentados e rodeados do que mais parecia um cenário de filme de terror, segundo a vizinhança.
A recolha de provas por parte da PJ estendeu-se durante a noite de sábado e manhã de domingo, sempre com a garagem fechada e os acessos controlados e só na segunda-feira, 27 de Fevereiro, entraram em acção as equipas de limpeza. O corpo da vítima vai ser autopsiado para permitir cruzar as conclusões do relatório clínico com as provas recolhidas pela PJ e as inquirições ao casal.
O alerta foi dado pouco depois das 14h00 de sábado por um dos moradores do bloco de apartamentos na Rua dos Lavadouros, que estranhou ouvir gritos e portas a bater vindas da garagem do prédio e, temendo tratar-se de ladrões, chamou a Polícia de Segurança Pública que, soube o nosso jornal, terá encontrado um cenário “dantesco”, com a vítima, de 43 anos, deitada de barriga para baixo no chão e com sinais de esfaqueamento na garganta.
Um vizinho que estava a tentar sair da garagem ao final da tarde de sábado presenciou os momentos finais em que os suspeitos aguardavam pela chegada da PJ e conta a O MIRANTE que nem nas piores séries de terror viu algo do género. Fonte policial revela que a detenção do casal obrigou a que os menores, filhos da vítima e da ex-companheira - de 13 e 15 anos -, tenham ficado alojados em casa de familiares enquanto decorrem as diligências.
O casal de suspeitos aparentava estar sereno e consciente do que aconteceu quando foi abordado pela PSP tendo o homem confessado a autoria do crime. No entanto, o facto da companheira apresentar sinais de luta no corpo e feridas levantou suspeitas sobre quem terá realmente esfaqueado a vítima.
O MIRANTE tentou contactar um dos familiares da vítima, dono de um stand de automóveis na cidade, mas este não se encontrava disponível. Os contornos e pormenores do crime são ainda desconhecidos e o que se sabe até ao momento é o que se ouve da vizinhança, que confessa ter medo perante o que se passou. A maioria diz não conhecer o casal. Não frequentavam os cafés do bairro e raramente eram vistos. O que, para muitos, não é de estranhar, já que vivem num condomínio com mais de 80 famílias a residir e onde a maioria sai das garagens para os elevadores e daí para cada um dos apartamentos sem se cruzar com o exterior.
Atacaram para se defender
Ouvidos por um juiz no Tribunal de Loures os detidos estavam nervosos, ainda apresentavam hematomas do confronto e confirmaram os desacatos com a vítima, apurou O MIRANTE. O homem afirmou ter visto a vítima a agredir a mulher e que por isso teve de intervir para os separar. A mulher apresentou uma versão diferente garantindo que houve apenas insultos e que quando se apercebeu o homem já estava esfaqueado. Nenhum deles soube explicar à justiça, por agora, como é que uma faca de cozinha apareceu na garagem.