Enterro do Galo na Chamusca mantém viva a tradição
O Enterro do Galo na Chamusca voltou a criticar o estado do concelho, nomeadamente em relação ao envelhecimento da população, falta de alunos no concelho, obras no centro de saúde e problemas na ponte da Chamusca. Estas foram algumas das críticas presentes no testamento.
O Enterro do Galo na Chamusca voltou a realizar-se no Grupo Dramático Musical em Quarta-feira de Cinzas, 22 de Fevereiro. À semelhança de outros anos, a iniciativa teve pouca presença e intervenção do público. Por opção da organização este ano não foi partilhada na Internet a leitura do testamento, facto que contribuiu para que pouco se falasse na vila sobre as críticas pessoais, sociais, morais, religiosas e, sobretudo, políticas, feitas ao longo de cerca de uma hora de escárnio e mal-dizer.
O Enterro do Galo deste ano voltou a ter como foco principal, entre outros, o executivo de maioria socialista da Chamusca. As obras no centro de saúde, o excesso de estacionamento na vila, a falta de alunos na escola sede, o envelhecimento da população, e os constrangimentos diários na ponte da Chamusca foram os temas mais picantes do testamento, lido mais uma vez por três jovens naturais da Chamusca mascarados de padre, sacristão e galo. Aqui fica um pequeno excerto do testamento:
Falando em progresso [na Chamusca]…tamanha mudança! Ele é parques de estacionamento, ele é jardins floridos, ele é parques para bicicletas… e mais obras…tudo em prol do progresso. Vejam o novo centro de saúde, está uma beleza. Quer dizer, não está, mais vai ser uma beleza.
E a escola? Com o melhoramento que vai receber vai ser uma escola com futuro e para o futuro. Os alunos nem precisam de vir, recebem logo o diploma em casa. Isto é, se houver alunos! Porque as pessoas cada vez são menos e as que há cada vez são mais velhas.
Nem sei porque não vêm para a Chamusca, isto aqui há tanto progresso e emprego! Ora, há emprego... e emprego... é procurarem! É uma questão de oportunidade e de encontrarem o buraco certo.
E a ponte da Chamusca? O problema da ponte é só de algumas pessoas, [por exemplo], aquelas que têm de a passar [todos os dias], porque as que não precisam ninguém as vê a queixar-se.