Sociedade | 08-03-2023 15:00

Escuteiros da Póvoa criticados por valores cobrados durante as Jornadas Mundiais da Juventude

Escuteiros da Póvoa criticados por valores cobrados durante as Jornadas Mundiais da Juventude
Bruno Gomes, chefe do Agrupamento 773. fotoDR

Os valores cobrados aos peregrinos para acamparem na Quinta Municipal da Piedade durante as Jornadas Mundiais da Juventude fizeram correr tinta. O Agrupamento de Escuteiros 773 da Póvoa de Santa Iria garante que o objectivo “é pedagógico e não fazer dinheiro”.

O Agrupamento de Escuteiros Católico 773 da Póvoa de Santa Iria foi alvo de criticas por causa da publicidade que colocaram nas redes sociais e no seu site a propósito do aluguer do espaço para acampamento durante as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ). Os valores cobrados aos peregrinos para acamparem na Quinta Municipal da Piedade, local onde o grupo desenvolve as suas actividades, está no centro das reclamações. A inscrição mais barata nas JMJ custa 95 euros e o pacote completo custa 255 euros.
Por alojamento nas tendas, com pequeno-almoço incluído, durante sete dias, o agrupamento cobra 150 euros. Caso a tenda seja dividida por duas pessoas o valor sobe para os 280 euros. Se a estadia for mais curta existe a opção diária. Cada noite, em tenda própria, custa cinco euros. Se a tenda for alugada são mais 20 euros por noite e com pequeno-almoço são mais cinco euros por dia. Já cada refeição individual (almoço e jantar) custa 15 euros por pessoa.
“O objectivo é que a nossa cidade seja um grande centro de acolhimento, sendo a Quinta Municipal da Piedade, especificamente o PE\PSI - Parque Escutista da Póvoa de Santa Iria o grande centro dessa celebração criando as condições de acolhimento em modo de acampamento e mini festival a que demos o nome de PE\PSI Jambo JMJ’23”, pode ler-se na página dos escuteiros.
Em declarações a O MIRANTE, Bruno Gomes, chefe do Agrupamento 773, esclarece que o Parque Escutista da Póvoa de Santa Iria faz parte da rede de acolhimento das JMJ e destina-se a pessoas encaminhadas pela organização, até ao limite de tendas disponíveis. O pagamento do bilhete completo para as JMJ de 255 euros inclui alojamento, transporte e duas refeições diárias. Os outros valores cobrados são dirigidos a todos os que não compram o pacote completo, enquanto peregrinos, ou que não compraram nada e querem participar na mesma.
“Os nossos objectivos são pedagógicos e não de fazer dinheiro. As verbas são para pagar a água, luz e ajudar nas infraestruturas. Não temos interesse em servir refeições mas queremos criar um espaço de acolhimento e por isso os valores são opcionais. Não sei porque criticam. Se alguns cobram mil euros para alugar um quarto nós não podemos dinamizar o espaço?”, questiona Bruno Gomes.
Nos escuteiros da Póvoa há 35 anos, Bruno Gomes garante que há pessoas que vão às JMJ pela parte social e não só por motivos religiosos. Por isso mesmo foi decidido criar um festival dentro das JMJ, sobretudo para dinamizar actividades nocturnas. É pedido aos participantes que levem, por exemplo, instrumentos musicais. É certa a estadia na Quinta Municipal da Piedade de dois grupos de peregrinos vindos de Itália e outro de que os escuteiros não quiseram divulgar a nacionalidade. “Se a pessoa trouxer tenda paga cinco euros por noite e se for escuteiro três euros. Se não tiver tenda temos de comprar uma e pedimos pela semana toda 150 euros”, refere.

Objectivo é criar um festival bienal

O objectivo a longo prazo do Agrupamento de Escuteiros é criar um festival de dois em dois anos. Será um jamboree (acampamentos nacionais/internacionais de escuteiros) na Póvoa de Santa Iria. Para isso o grupo resolveu testar o modelo durante as JMJ. O Agrupamento 773 da Póvoa de Santa Iria tem neste momento 160 escuteiros e movimenta cerca de 300 pessoas na Quinta Municipal da Piedade, quando estão presentes os pais. Por isso está a ser desenvolvido um projecto para criar uma zona de duches e mais casas-de-banho.
Actualmente, os grupos que são recebidos naquele local durante as actividades escutistas já pagam para ajudar com as despesas fixas. Quanto às JMJ, Bruno Gomes considera que existe falta de informação e que muita coisa não chega aos grupos locais. “Tenho voluntários do Paquistão e da Índia que se querem inscrever e dizem que a organização não lhes dá resposta. Não acredito que seja propositado mas é mesmo porque algumas matérias ainda não estão decididas”, diz.

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