Sociedade | 15-03-2023 15:00

PJ faz buscas na Chamusca por causa de negócio entre presidente da assembleia e município

PJ faz buscas na Chamusca por causa de negócio entre presidente da assembleia e município
EDIÇÃO SEMANAL
PJ fez buscas na Câmara da Chamusca onde consultaram processos referentes à edição de livros que o município, liderado por Paulo Queimado (à esq.), adjudicou a empresa dos filhos de Joaquim Garrido, presidente da Assembleia Municipal da Chamusca

Inspectores da Polícia Judiciária estiveram no edifício da Câmara da Chamusca a consultar contratos realizados, no âmbito de dois livros, entre o município e uma empresa gerida pelos filhos do presidente da assembleia municipal. Inspectores também realizaram buscas na empresa, em casa de Joaquim José Garrido e do presidente da câmara.

A Polícia Judiciária esteve na Câmara Municipal da Chamusca a realizar buscas por causa dos livros “Carta Arqueológica do Concelho da Chamusca” e “100 anos, 100 poemas”, de Maria Manuel Cid. Fonte próxima do município explicou a O MIRANTE que estiveram cerca de seis inspectores no edifício da autarquia a consultar o processo referente às edições dos livros que a câmara adjudicou a uma empresa dos filhos do presidente da assembleia municipal, Joaquim José Garrido, que por sua vez entregaram a paginação, impressão e acabamentos à empresa do pai, a Garrido Artes Gráficas. Quem acompanhou as buscas foi a chefe de divisão da área financeira, e um dos inspectores esteve reunido com o presidente da câmara, Paulo Queimado (PS).
Segundo a mesma fonte, os inpectores levaram consigo o processo da “Carta Arqueológica”, que envolveu o investimento municipal de cerca de 50 mil euros em duas edições de 500 exemplares cada uma. O outro processo que levaram foi o do livro “100 anos, 100 poemas”. Em 2022 o município voltou a entregar a adjudicação de um livro à Zaina pagando cerca de 12 mil euros mais IVA por 500 exemplares do livro “100 anos, 100 poemas”, obra que faz parte das comemorações do centenário de Maria Manuel Cid, poetisa da Chamusca, mais conhecida como D. Mimela. Neste caso, a antologia foi editada pela Edições Cosmos, uma editora que pertence a Joaquim José Garrido e que é marca registada da Zaina Portugal.
Fonte da autarquia revelou a O MIRANTE que, ao mesmo tempo que decorriam as buscas no edifício da câmara, outros inspectores realizaram buscas na Zaina, com sede na rua Direita de São Pedro, e nas habitações próprias do presidente da assembleia municipal e do município da Chamusca. Paulo Queimado falou sobre o assunto na última sessão camarária, que se realizou a 7 de Março, apenas para confirmar as notícias de O MIRANTE sobre a visita da PJ para consultar os processos referentes aos dois livros. Remeteu mais informações para o futuro, quando houver conclusões por parte da PJ.

Negócios com valores estratosféricos
Tal como O MIRANTE noticiou em Março de 2022, o município adjudicou o livro à Zaina Editores, uma empresa que tem como sócios Rita Garrido e Miguel Garrido, os dois filhos do presidente da assembleia municipal. O município pagou 18.825 euros, mais IVA, pela primeira edição de 500 exemplares, valor que um ano depois voltou a pagar por uma segunda edição com o mesmo número de exemplares. O livro tem 274 páginas, impresso num papel de luxo, com um corpo de letra e um espaçamento dos textos que chega a ser caricato em grande parte do livro, situação que se repete com as fotos que, em alguns casos, não acrescentam nada à qualidade do livro. A bibliografia e o glossário da obra estendem-se ao longo de cerca de 30 páginas, o que sugere intenção de fazer render o volume do livro.
Na ficha técnica das duas edições impressas não consta, como é obrigatório, o número de exemplares e a gráfica onde a obra foi impressa. No entanto, na página da Internet do repositório da Universidade de Évora, a ficha técnica indica que foi na Garrido Artes Gráficas que a “Carta” foi paginada e impressa e se fizeram todos os acabamentos.
Em Junho de 2022, Paulo Queimado aceitou responder às questões de O MIRANTE sobre o assunto, tendo considerado que a autarquia não desrespeitou nenhuma regra moral e ética, mesmo sabendo da possibilidade de os filhos de Joaquim José Garrido poderem contratar a empresa do pai para realizar a paginação, acabamentos e impressão da obra, como aconteceu.

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