Plano para garantir água no Tejo inclui barragem do Alvito e entusiasma autarcas da Lezíria
O Governo parece estar com vontade de avançar com a construção da barragem do Alvito, entre outras intervenções que no conjunto permitam ter reservas de água para o Tejo, sobretudo no Verão quando os caudais são mais baixos.
Os autarcas da Lezíria do Tejo estão entusiasmados até porque a falta de água no Tejo compromete a agricultura da qual muito depende a zona.
O Plano de Resiliência Hidrográfica do Tejo que inclui a construção da barragem do Alvito, com o primeiro objectivo de garantir um caudal ambiental para o Tejo, foi apresentado esta terça-feira pela Agência Portuguesa do Ambiente. O presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo congratula-se com o facto de o Governo estar a dar passos para garantir a existência de água, importante para a agricultura da região. Pedro Ribeiro, que também é presidente da Câmara de Almeirim, realça que são precisas soluções e acredita que agora as coisas estão no bom caminho.
O ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, considera muito importante uma nova barragem. Pedro Ribeiro, que também esteve na sessão, referiu a O MIRANTE que vê como importante o facto de o tema das barragens deixar de ser tabu para o ministério. O autarca salientou também que vai fazer pressão para que a barragem no rio Ocreza, que desagua no Tejo na zona de Fratel, tenha uma capacidade de dois mil hectómetros de capacidade, para que estejam garantidas sempre reservas de água. O presidente da Câmara de Abrantes considera que a questão da regularização dos caudais ecológicos do Tejo é uma “matéria de grande sensibilidade, considerando esta solução como interessante, mas realçando que o plano “carece ainda de sustentabilidade técnica e financeira”.
O Governo recuperou um projecto de barragem que já tinha um estudo de impacto ambiental favorável. “O Alvito parece-nos, até pelo seu posicionamento geográfico, bastante importante e também me parece particularmente importante a reutilização das águas tratadas para serem aproveitadas para a rega”, sublinhou o ministro na apresentação do plano, que decorreu em Proença-a-Nova, no distrito de Castelo Branco. Em cima da mesa para ser analisado e discutido pelas comunidades intermunicipais e pelos municípios estão a construção da barragem e um túnel que ligue o rio Zêzere ao Tejo, também com o mesmo objectivo de reforçar o caudal ecológico do Tejo, mais a norte.
A possibilidade de criar uma infraestrutura para trazer as águas tratadas da Área Metropolitana de Lisboa, para reutilização para a Lezíria do Tejo, respondendo às necessidades de rega do território, do ponto de vista da agricultura, é outro dos pontos colocados a discussão. Com o fim da concessão eléctrica a barragem do Cabril passou a ser para fins múltiplos, que não só a produção de energia, podendo ter uma função mais ambiental. O ministro garantiu que o Governo quer tomar decisões muito em breve.
A construção da barragem do Alvito tem vindo a ser defendida há algum tempo como forma de garantir reservas de água para o Tejo no distrito de Santarém, diminuindo a dependência em relação a Espanha. Sobretudo na sub-região da Lezíria esta questão assume uma grande importância atendendo à sustentabilidade da agricultura numa zona que tem dos solos mais ricos do país.
Movimento proTejo critica Governo por “ressuscitar” barragem do Alvito
Movimento pelo Tejo defende que a solução mais simples para o reforço da resiliência hídrica do Tejo é a implementação de caudais ecológicos regulares vindos de Espanha.
O Movimento pelo Tejo – proTEJO, criticou o Governo por “ressuscitar” a barragem do Alvito e defende que a solução mais simples é a implementação de caudais ecológicos regulares vindos de Espanha. “A ‘solução’ da barragem do Alvito não tem significância, se a compararmos com a distribuição a 100% do caudal anual mínimo, já previsto na Convenção de Albufeira com um regime de caudal ecológico regular, contínuo, instantâneo e medido em metros cúbicos por segundo, de acordo com a sazonalidade já expressa nos caudais trimestrais da convenção”, refere, em nota de imprensa, o movimento com sede em Vila Nova da Barquinha.
Os ambientalistas entendem que o Ministério do Ambiente e da Acção Climática apresentou uma “solução onerosa e inócua” para reforçar a resiliência hídrica e o estado ecológico do rio Tejo, “ao ressuscitar a barragem do Alvito, para satisfazer o projecto de novos açudes e barragens no Tejo”. O ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, afirmou no dia 7 de Março que a construção da barragem do Alvito e a reutilização de águas tratadas para a agricultura são duas soluções importantes para o reforço da resiliência hidrográfica do Tejo.
Segundo o proTejo, o Governo dá, assim, “a primeira de muitas machadadas” no Tejo “ao ressuscitar a barragem do Alvito, a primeira barragem que irá servir a estratégia do Projecto Tejo, que prevê a construção de novos açudes e barragens no Tejo, inserida num pacote de soluções para o reforço da resiliência hídrica do Tejo”.
Os ambientalistas defendem que a distribuição do caudal anual mínimo da Convenção de Albufeira asseguraria um caudal de 45 metros cúbicos/segundo (m3/s) no trimestre de verão, mais do que o dobro do máximo de 20 metros cúbicos/segundo a contribuição da barragem do Alvito, proposta pelo Ministério do Ambiente. “A solução mais simples, e que é exequível, é a implementação de caudais ecológicos regulares vindos de Espanha e não inventar justificações para os custos adicionais astronómicos para os contribuintes portugueses”, alegam.