Um grupo de deputados do PSD e eleitos locais da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT) estiveram reunidos com a administração do Hospital de Vila Franca de Xira e saíram do encontro mais preocupados do que entraram. A reunião com a administração liderada por Carlos Andrade Costa encerrou uma tarde de visitas dos deputados ao concelho de Vila Franca de Xira. À saída do hospital, em declarações a O MIRANTE, os social-democratas lamentaram que o gestor tenha tentado passar uma imagem de que está tudo bem na unidade de saúde.
“A sensação que nos deram é que a falta de resposta dos serviços é um erro de percepção das pessoas e que a deterioração dos serviços desde o fim da Parceria Público-Privada (PPP) é uma percepção que não corresponde à realidade. Continuamos a achar que não é uma percepção, porque também sou utente. Os serviços ficaram piores, não está tudo bem”, lamenta David Pato Ferreira, vereador da Câmara de Vila Franca de Xira.
Na visão dos autarcas, a actual administração tem sido pautada “por uma cegueira operacional e de gestão que coloca as pessoas em último lugar” e onde a tutela tem responsabilidades directas.
A não passagem do hospital para o horário laboral de 35 horas continua a ter impactos na atractividade de profissionais. Aos deputados e autarcas foi deixada a garantia que o fecho das urgências pediátricas só encerrará por vontade política. “O que nos disseram é que não há razões práticas, operacionais e clínicas para o encerramento da urgência ao contrário do que acontece com outros serviços do hospital”, notou David Pato Ferreira. Os social-democratas pediram “cuidado e responsabilidade” à gestão da unidade hospitalar.
“Pedimos que sejam responsáveis por decisões de gestão que são suas e que a responsabilidade política de quem os nomeou venha agarrada a isso. Se o administrador acha que está tudo bem e o ministro, ao olhar para o HVFX, acha que está tudo bem então há responsabilidades a terem de ser apuradas. Pedimos que haja cuidado e responsabilidade porque uma coisa é certa: o hospital não está melhor e a responsabilidade é de alguém”, critica o autarca.
Também Joana Barata Lopes defende, a O MIRANTE, que os utentes de Vila Franca de Xira não podem ficar reféns “de uma questão ideológica” e que se a PPP foi boa para a comunidade deve ser repensada e reintroduzida. “O importante é que se faça o melhor para as pessoas e nem sempre isso tem sido muito claro”, criticou.

Vêm aí tempos difíceis
Na tarde de 10 de Março os deputados do grupo parlamentar do PSD, Ricardo Batista Leite, Alexandre Simões, Joana Barata Lopes, Maria Emília Apolinário e António Proa juntaram-se aos eleitos locais David Pato Ferreira, Ana Afonso, Madalena Lage e Fábio Mousinho Pinto numa visita às unidades de saúde mais afectadas do concelho devido à falta de médicos e à “incapacidade de reunirem condições para um atendimento digno” aos utentes.
A comitiva visitou o Centro de Saúde de Alhandra, as Unidades de Saúde Familiar da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa e reuniu-se com a administração do Hospital de VFX e a directora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, Sofia Theriaga. Em jeito de balanço o grupo afirmou a O MIRANTE sair “muito preocupado” das reuniões. “Vêm aí tempos piores e muito difíceis. Estamos já a falar de encaminhar pessoas para Benavente. Imagine-se encaminhar um utente de 80 anos da Póvoa de Santa Iria para Benavente. É risível. Saímos muito mais preocupados do que viemos”, teme David Pato Ferreira.