Casa do Povo de Pontével é ponto de encontro no concelho do Cartaxo
A Casa do Povo de Pontével tem-se evidenciado pelas peças de teatro que enchem o salão da associação do concelho do Cartaxo. No entanto, a colectividade também tem um rancho e um grupo coral com muita actividade. Cativar mais sócios e melhor instalações são dois objectivos da direcção.
A Casa do Povo de Pontével nasceu a 25 de Março de 1961; dois anos depois começou a desenvolver modalidades como o ciclismo, atletismo, futebol de salão, mas actualmente só se dedica à área da cultura. A principal razão prende-se com a perda constante de atletas na secção de atletismo. Este ano, pela primeira vez, a associação não conseguiu o número suficiente de atletas, um duro revés para uma colectividade que soma centenas de títulos na modalidade.
Paulo Calisto, 47 anos, é natural de Pontével e preside à direcção da Casa do Povo desde 2018. Desde muito cedo que frequenta a associação, uma vez que os pais faziam parte do grupo folclórico e do grupo de teatro. Os anos foram passando e a paixão pela colectividade foi aumentando, principalmente pelas amizades que foi estabelecendo e continua a estabelecer. Paulo Calisto dedica grande parte do seu tempo livre à Casa do Povo e defende que a dedicação e o sentido de serviço público são duas das principais características de um dirigente associativo. Mas como o associativismo voluntário não paga contas, a sua actividade profissional está ligada à área da venda de materiais para construção civil. Uma das suas grandes conquistas é o facto de ter a sua filha a acompanhá-lo nos ensaios do rancho folclórico.
Um dos aspectos que alterou desde que assumiu o cargo de presidente foi incentivar os órgãos sociais e directivos a estarem mais presentes na vida da associação. “As direcções anteriores estavam constituídas, mas demonstravam pouco interesse pela colectividade. O que fizemos foi tentar arranjar uma direcção composta por elementos que participam nas actividades”, explica o dirigente, que faz parte do rancho desde os 14 anos. Segundo Paulo Calisto, a associação é gerida de uma forma conjunta. O tesoureiro é Fernando Amorim, o secretário Mário Silva e os responsáveis das secções de folclore, teatro e atletismo, este ano inactivo, são Dina Lopes, Daniela Campino e Nelson Dantas, respectivamente. Um dos objectivos da actual direcção passa por cativar antigos sócios a voltarem a fazer parte da colectividade que, para além do grupo de teatro Kaspiadas e do rancho folclórico, tem um grupo coral desde 2000, intitulado de Cant’Arte. Um bom exemplo da dinâmica da associação foi a peça de teatro que encheu o salão da Casa do Povo no fim-de-semana de 18 e 19 de Fevereiro. “Foram cerca de duas centenas de pessoas em cada dia. Foram sessões de teatro à antiga””, refere, com orgulho, Paulo Calisto.
O presidente explica que a maior fonte de rendimento da colectividade são os alugueres do salão para aniversários e baptizados. As instalações são antigas e, embora tenham sido realizadas algumas obras de melhoramento, ainda há muito a fazer para que o espaço fique em condições. Outro dos objectivos da direcção é conseguir verbas para requalificar os balneários.
Uma verdadeira família
O MIRANTE assistiu a um ensaio do Rancho Folclórico e Etnográfico da Casa do Povo de Pontével, cujos trajes e letras, segundo o ensaiador Mário Silva, dizem respeito à época entre os anos 1890 e 1920. O ensaio, que começou às 22h00 e terminou às 23h30 de uma sexta-feira, reuniu 28 elementos dos cerca de 40 que fazem parte da secção. A dinâmica dos ensaios, numa altura em que não há actuações, começa com “modas mais fáceis para os mais jovens aprenderem a sapatear e valsear”. A época termina em Outubro e só voltam a dançar em Março.
O casal António Catarino, de 68 anos, e Silvina Barra, de 65 anos, dançam no rancho há mais de meio século. Começaram no Cartaxo e, depois de casados, integraram a associação de Pontével. Para António Catarino o rancho é o melhor remédio para passar a reforma, uma vez que se vai divertindo enquanto pratica exercício. Espírito de camaradagem é o sentimento que partilha com todos os elementos do grupo. No dia do ensaio estavam presentes crianças e jovens que dão “sangue novo” ao rancho. Matilde Carmo, de 14 anos, ainda não sabe o que quer ser quando for mais velha, mas tem a certeza que quer continuar a dançar por muitos anos: “é uma forma de me divertir e de preservar a tradição. Foi a minha mãe que me passou o bichinho. Sinto-me em família”, vinca.