Sociedade | 22-03-2023 18:00

Duas amigas de Minde que estão a percorrer o mundo para ajudar quem mais precisa

Duas amigas de Minde que estão a percorrer o mundo para ajudar quem mais precisa
Mariana Santos e Maria Rita Afonso dão aulas de inglês numa escola de uma aldeia no Camboja. fotoDR

Mariana Santos e Maria Rita Afonso são naturais de Minde, em Alcanena, e partiram de mochila às costas para uma aventura de voluntariado no sudeste asiático. O objectivo da viagem é “muito voluntariado e pouco turismo”, sendo que actualmente dão aulas de inglês, numa escola por acabar, em troca de estadia e alimentação.

Mariana Santos e Maria Rita Afonso, naturais de Minde, decidiram que estava na altura certa para se aventurarem numa viagem pelo sudeste asiático com o propósito de ajudar os outros. No dia da conversa com O MIRANTE, tinham acabado de dar aulas numa escola semi-acabada em Kak Ang Kugn, uma aldeia remota no Camboja.
Mariana Santos, recém-licenciada em Direito, é escuteira desde os cinco anos e afirma que foi o escutismo que lhe passou “o bichinho” do voluntariado; são duas actividades que não se podem dissociar uma da outra, vinca. Sempre fez parte do Banco Alimentar Contra a Fome e, entre muitas outras actividades, ajudou a pintar uma capela em Minde, no concelho de Alcanena. No período de pandemia disponibilizou-se junto dos idosos para ir ao supermercado e à farmácia e é conhecida na vila por fazer tudo o que pode em prol da sua terra. Durante anos dedicou duas semanas do Verão a um campus de basquetebol, o seu desporto de eleição, em Albufeira, no Algarve. Jogou no Vitória Clube Mindense, em Minde, na União Desportiva e Recreativa da Zona Alta, em Torres Novas, e no Santarém Basket Clube. Por diversas vezes representou o distrito de Santarém na Festa do Basquetebol Juvenil em Albufeira, o maior evento do basquetebol de formação em Portugal.
A viagem pela Ásia era um desejo que se arrastava há alguns anos; uma das razões por que decidiu licenciar-se em Direito foi a vertente humanitária. Além disso, Mariana Santos sabia que queria viajar quando estivesse num período de transição, o que se veio a verificar com o término do curso. A ideia da viagem surgiu no dia em que se deparou com um homem à porta de casa a questionar o que podia fazer em troca de um banho: “Acabou por ajudar a minha mãe no jardim e depois continuou a viagem dele”, conta a O MIRANTE. A jovem achou a situação “engraçada” e ao pesquisar percebeu que seria fácil fazer o mesmo nos países onde ambicionava fazer voluntariado.

Mão-de-obra infantil
Em Janeiro deste ano, Mariana Santos partiu para a aventura com o lema “muito voluntariado e pouco turismo”, em troca de estadia e alimentação. Em zonas muito pobres opta pela estadia e “só isso é uma grande ajuda no orçamento”, revela. Na mochila levou algumas peças de roupa, poucas, um atacador para fazer de estendal e uma lanterna. Deixou para trás a família e a vila que descreve como “muito pacífica”. O último ano de faculdade foi passado nos Estados Unidos da América, mas confessa que Minde é a sua casa: “Por mais longe que vá, vou ter sempre vontade de voltar”, revela, numa conversa realizada por videochamada.
O primeiro destino foi a Índia, onde se apaixonou pela gastronomia: “Tenho mais saudades do que de comida portuguesa, porque nos sítios que visitámos toda a gente é vegetariana e eu também sou”, refere. No Camboja, onde se encontra actualmente, “as pessoas comem arroz a todas as refeições”, explica. Para Mariana “o fosso de desigualdade nestes países é muito maior do que em Portugal”, tendo-se deparado com mão-de-obra infantil. Todas as manhãs vê chegar crianças, com pouco mais de cinco anos, de bicicleta ou mota. “As crianças são tratadas como adultos”, lamenta. Sobre a experiência de dar aulas, explica que nos intervalos as crianças aproveitam para ler e não estão agarradas ao telemóvel. “Sentem o privilégio de estudar e são muito interessados”, afirma com orgulho.
Mariana e Maria Rita ainda têm no mapa alguns sítios para visitar, nomeadamente Laos, Tailândia e Malásia. Mariana quer regressar antes de Setembro para ter um período de adaptação antes de iniciar o estágio na Ordem dos Advogados, em Lisboa. De futuro, não se imagina a viver em Portugal, porque sente que “há imenso mundo para descobrir” e quer fazê-lo enquanto é jovem. O seu sonho, sublinha, é ter um trabalho que permita “viajar e permanecer por períodos longos num determinado sítio”. Por agora, vai partilhando o dia-a-dia através da página de Instagram “where.is.mariana”, estando a angariar fundos para a conclusão da escola onde dão aulas, no Camboja.

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