Envelhecer de forma activa e com qualidade na Universidade Sénior do Cartaxo
Universidade Sénior do Cartaxo tem mais de uma centena de alunos e duas dezenas de disciplinas nas mais variadas áreas. A principal missão da instituição é contribuir para o envelhecimento activo e com qualidade.
A Universidade Sénior do Cartaxo (USC) tem mais de uma centena de alunos. Sediada numa antiga escola de primeiro ciclo a USC foi fundada a 29 de Outubro de 2012. Jorge Rodrigues, 66 anos, a viver em Pontével, foi um dos fundadores e é o actual presidente. “O objectivo destas universidades é tirar as pessoas de casa e fazê-las sair do isolamento para que não fiquem deprimidas”, começa por explicar a O MIRANTE acrescentando que “são uma mais-valia” para o envelhecimento activo e com qualidade.
O MIRANTE foi assistir a uma aula de desenho e pintura, leccionada pela professora Emília Palhinha. A professora deu aulas até aos 70 anos na Escola Secundária do Cartaxo, onde, inclusive, existe uma sala com o seu nome. É licenciada em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, curso que, por alguns infortúnios, só começou aos 45 anos. Num 25 de Abril celebrado em Santarém, Cavaco Silva, antigo Presidente da República, quis comprar um dos seus quadros. A professora de 81 anos procura transmitir aos alunos “a vontade de o quadro não ser um raminho de flores nem um cesto com fruta, mas uma mensagem”.
José Carmo tem 73 anos e é aluno da USC. Nasceu em Cabril, freguesia de Pampilhosa da Serra, e mudou-se para Pontével há uma década. Bancário toda a vida, como a esposa Lurdes, terminou a carreira no Carregado e inscreveram-se na Universidade Sénior do Cartaxo: “a passagem para a reforma é difícil, é uma mudança de vida radical. A universidade ajuda muito a passar o tempo e a fazer novas amizades”, refere a O MIRANTE. Foi nas aulas da professora Emília que aprendeu a fazer sombreado, tirando inspiração dos passeios a pé que realiza junto ao rio Tejo. José Carmo considera-se perfeccionista e cada vez tem mais necessidade de melhorar os seus conhecimentos nas várias áreas de estudo, acrescenta.
Paulo Paixão, 66 anos, também é aluno de desenho e pintura. Nasceu em Lisboa e mudou-se para o Cartaxo depois de um despedimento colectivo, desencadeado pela crise de 2008. Frequentou a UTIS – Universidade de Terceira Idade de Santarém porque não sabia que existia uma universidade sénior no Cartaxo. O motivo que o fez vir para a instituição foi uma das exposições que a professora Emília fez no Centro Cultural do Cartaxo e o gosto pelo desenho, que vem desde criança. O sonho de Paulo Paixão era ser arquitecto, o que se revela nas fotografias que tira, maioritariamente de edifícios, mas também gosta de pintar tendo preferência pelo óleo.
Falta espaço e condições
Os alunos estão distribuídos por duas dezenas de disciplinas e têm aulas em salas cedidas pela câmara municipal, que assume as despesas de água e luz. Pagam uma quota mensal que serve para custos de manutenção e limpeza e podem frequentar todas as disciplinas. Algumas das disciplinas são Natação, Ténis, Pilates, Teatro, Música, Pintura, Fotografia, Inglês, História da Arte, entre outras.
Jorge Rodrigues afirma que o edifício não foi pensado para ser uma universidade sénior e que precisam urgentemente de um pavilhão para os ensaios da tuna, aulas de educação física e danças de salão. A cada ano lectivo a USC tem de pagar uma verba significativa ao Ateneu Artístico Cartaxense para conseguir ter as respectivas aulas, limitadas ao período da manhã e a um espaço que consideram pequeno. Outra das despesas frequentes, que tem implicações nas contas da instituição, são os custos de deslocação para os eventos. Para estar presente no Encontro de Tunas, em Almodôvar, por exemplo, tiveram de pagar do seu bolso cerca de mil euros por um autocarro a uma empresa privada.
Na direcção da universidade trabalham alguns professores em regime de voluntariado. Fazem parte da direcção Antero Jesus, vice-presidente, Dália Sardinha, tesoureira, António Gaspar, presidente da assembleia-geral, Anabela Gaspar, relatora, e Domingos Xavier, secretário.