Sociedade | 26-03-2023 07:00

Degradação do campus da Escola Agrária de Santarém tem-se agravado

Degradação do campus da Escola Agrária de Santarém tem-se agravado
A substituição do telhado da casa do Conselho Científico, um dos edifícios mais emblemáticos da Escola Agrária, está a gerar alguma contestação. fotoDR

Edifícios onde chove no interior, arruamentos em mau estado e iluminação deficiente são alguns dos problemas existentes no campus da Escola Superior Agrária de Santarém.

Um grupo de pessoas que estudaram ou deram aulas no estabelecimento fez chegar a O MIRANTE o seu descontentamento. A direcção da escola e a presidência do Politécnico de Santarém assumem que são necessárias intervenções urgentes, algumas delas já em curso.

A degradação do campus da Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS) tem sido evidente na última década tendo-se agravado nos últimos anos. A constatação é deixada a O MIRANTE pelo director da ESAS. António Azevedo refere que o complexo estende-se por uma área de cerca de 30 hectares dispondo de uma zona coberta muito extensa, com alguns edifícios centenários, que tendo sido requalificados há cerca de 25 anos requerem intervenção urgente.
No mesmo sentido pronuncia-se o presidente do Instituto Politécnico de Santarém (IPS), instituição que tutela a ESAS e outras escolas superiores. “As necessidades de manutenção, de todo o edificado do Instituto, são constantes e, infelizmente, não se restringem apenas aos edifícios do campus da ESAS. Recentemente avaliámos a necessidade de investimento para efeitos ambientais no quadro da ECO Ap (o barómetro das energias e recursos) e o valor necessário ascende a seis milhões”, diz a O MIRANTE João Moutão, que compreende a preocupação da comunidade académica e reconhece a necessidade de encontrar soluções que devem envolver também outras entidades da região.
As razões apontadas para o actual cenário na ESAS são diversas, desde a falta de mão-de-obra derivada de uma opção de gestão de há uns anos, que entregou os serviços de manutenção a entidades externas, a razões de ordem financeira, que António Azevedo crê que se irão agravar no futuro “uma vez que os recursos serão sempre (muito) insuficientes para requalificar cinco unidades orgânicas que se distribuem por quatro campus diferentes”.
O director da ESAS aponta ainda outra razão: “aquela que custa mais e é mais recente, a falta de articulação entre os Serviços Centrais do Instituto Politécnico de Santarém e a direcção da ESAS”. Sobre essa questão, o presidente do Politécnico de Santarém diz que estão a “trabalhar em conjunto com vista à solução deste problema e temos já em vista um projecto estruturante que poderá resolver significativamente este problema”.

Ex-alunos e professores indignados com cenário de degradação
Um grupo de oito pessoas - ex-alunos e ex-professores da antiga Escola de Regentes Agrícolas e da actual Escola Superior Agrária de Santarém e um aluno da instituição – fez chegar a O MIRANTE uma posição a manifestar a sua indignação “com a constante degradação do património urbanístico” da ESAS. A gota que fez transbordar o copo foi a intenção de substituir a cobertura em ‘telha marselha’ da casa do Conselho Científico pela denominada chapa sanduíche, que os signatários alegam ir “desvirtuar completamente a traça dos edifícios que constituem também um património da cidade de Santarém”.
Mas não se ficam por aí as críticas: “A juntar a isto, a falta de iluminação, a não reparação de caminhos, o mau estado de gabinetes, a rotura de água entre a adega e um posto de transformação (com mais de dois anos), a rotura de esgotos do WC do edifício de aulas (com mais de um ano), a acumulação de lixo nas caleiras dos telhados dos edifícios, a não reparação de muros” são outros problemas apontados.
Os signatários da exposição são: Francisco Marvão - ex-aluno da ERAS; Luís Almeida - ex-aluno da ERAS e ex-professor da ESAS; André Pinto – aluno da ESAS: Paula Azevedo – ex-professora da ESAS; Alberto Miranda - ex-aluno da ESAS; Francisco Duarte Graça - ex-aluno da ERAS; José Eloy de Sousa – ex-aluno da ERAS: Vasco Tomás – ex-aluno da ESAS.

Chove dentro da casa do Conselho Científico
A direcção da ESAS reconhece que a cobertura da casa do Conselho Científico “requeria uma intervenção urgente” pois chovia lá dentro. “Optou-se por uma solução radical substituindo-se o telhado por painel sanduíche e as janelas por alumínio ou PVC”, embora o projecto de requalificação propriamente dito não seja do conhecimento da ESAS, critica a escola.
João Moutão esclarece que a prioridade foi reabilitar o edifício através de duas empreitadas: uma para substituição da caixilharia que deve estar concluída dentro de oito semanas; e outra que contempla a reparação da cobertura e colocação de painéis sanduíche para evitar que chova dentro do edifício, melhorar o seu desempenho energético e reduzir a manutenção. Posteriormente será reposta a telha sobre os painéis que funcionam como sub-telha.
O presidente do Politécnico de Santarém adianta ainda que a iluminação de todos os campus tem vindo a ser substituída por luminárias de baixo consumo. Acrescenta que quase todos os meses é enviado ao campus da ESAS uma empresa para fazer desentupimentos e reparações nas redes de águas e de esgotos e não tem conhecimento de nenhum entupimento com dois anos. Um dos muros de suporte do campus da ESAS realmente cedeu e está a decorrer um concurso para construção de um novo muro. “Em termos de património temos vindo a tentar paulatinamente investir nos campus”, conclui João Moutão.

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