Estado demora perante problemas dos territórios
Silvino Lúcio garantiu a continuidade da governação socialista na Câmara de Azambuja. Critica o vagar com que algumas entidades do Estado tomam decisões perante as necessidades dos territórios.
Defende alguma das localizações para a instalação do novo aeroporto? Não me é fácil responder... A nova localização do aeroporto deve servir acima de tudo o país e não interesses regionais. O Governo tem tardado em ter opinião sobre essa matéria que é um investimento importante e urgente para o país. Mas onde gostava de ver o novo aeroporto era na Ota, que não está excluída.
Essa é uma opção que traz más recordações a Azambuja... Traz más recordações porque já fomos devidamente penalizados. Na altura da governação de José Sócrates foi assinado um protocolo de compensações para os municípios, que saiu em Diário da República, e nada foi concretizado. Além disso fomos impedidos de implantar nas áreas de defesa do aeroporto casas, empresas e fomos prejudicados por isso.
Diz que não deve servir interesses regionais. A Ota iria beneficiar Azambuja ou o país? A Ota já esteve definida como tantas outras localizações, mas foi pena os Governos não terem tido a persistência para avançar com uma opção que estava bem defendida. No Montijo as alterações climáticas que se reflectem na subida da água do mar podem pôr em causa toda uma estrutura. Há que pensar bem nestas coisas. Fala-se muito na opção Santarém mas fica a mais de 70 quilómetros de Lisboa, parece-me um pouco desfasado, já o disse na Comunidade Intermunicipal [da Lezíria do Tejo].
Um dos investimentos prioritários a realizar em Azambuja, no âmbito das compensações pela desistência da implementação do aeroporto na Ota, era a requalificação da EN3. Década e meia depois a estrada está na mesma... Completamente, embora com um protocolo assinado em 2019 entre o município e a Infraestruturas de Portugal (IP). O ministro das Infraestruturas diz que o concurso público foi finalizado e que só estão à espera de autorização do Ministério das Finanças, por causa da despesa, para se poder avançar com a obra da construção das duas rotundas.
As juntas de Azambuja e Vila Nova da Rainha apresentaram uma proposta para resolver os problemas de tráfego e sinistralidade na Nacional 3, que prevê a construção de uma via de serviço com seis quilómetros para pesados de mercadorias. O que vai fazer com esta proposta? Levámos ao conhecimento da IP porque achamos que é um projecto que deve ser pensado. Também lançámos o desafio à IP para uma ligação entre Aveiras e Azambuja junto à A1. Podemos dar ideias mas é à IP que compete estudar as possibilidades e isso demora muito tempo. Todos demonstram preocupação, mas as coisas não andam. Às vezes sinto-me impotente para lutar com os poderes intermédios do Estado como as CCDR, IP, IGAMAOT... O tempo que algumas dessas entidades desconcentradas do Estado demoram a agir não se coaduna com as necessidades dos territórios. Temos o caso de uma empresa que se quer instalar em Aveiras e que há sete meses anda a tentar resolver uma questão com a IP. Estamos em risco de perder esse investimento.