Ex-autarca do Cartaxo julgado por expressão “neonazis do Chega”
Pedro Magalhães Ribeiro, que em Janeiro foi condenado na proibição de exercer cargos públicos durante quase três anos, por causa de uma nota informativa publicada nas redes sociais do município, em período de campanha eleitoral, está agora a aguardar a sentença do caso em que é acusado de ofensa ao Chega.
O ex-presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Magalhães Ribeiro, está a ser julgado por ofensa a pessoa colectiva na sequência de uma queixa apresentada pelo Chega. Em causa está uma expressão do ex-autarca socialista que numa discussão política numa reunião de câmara disse, a propósito das medidas relacionadas com a pandemia de Covid-19, que todos os partidos estavam de acordo, “tirando os neonazis do Chega”. O caso teve uma única sessão de julgamento no Tribunal do Cartaxo e a decisão deve acontecer em Abril.
A situação ocorreu na parte final da reunião pública de 9 de Setembro de 2020 quando o ex-presidente foi interpelado por um vereador da oposição acerca dos serviços de Internet nas escolas do concelho. O crime é punido com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa até 240 dias e o partido pede uma indemnização cível nunca inferior a dois mil euros, a ser entregue a uma instituição de solidariedade social, a uma corporação de bombeiros ou a uma entidade sem fins lucrativos que tenha por missão ajudar polícias. O ex-autarca diz que a expressão não teve a intenção de chamar neo-nazis a todos os membros do partido.
Em Janeiro, Pedro Magalhães Ribeiro demitiu-se do cargo de assessor do primeiro-ministro, António Costa, para onde tinha ido após perder as eleições autárquicas para o PSD, depois de ter sido condenado na proibição de exercer cargos políticos durante quase três anos. O ex-autarca, que já recorreu da decisão para o Tribunal da Relação de Évora, foi condenado por ter publicado uma informação nas redes sociais do município durante o período de campanha eleitoral em 2021 que a Comissão Nacional de Eleições e o tribunal consideraram ter violado os deveres de neutralidade e imparcialidade. Além da pena acessória de inibição de exercício de cargos públicos foi também condenado a pagar uma multa de 3.600 euros.
O texto em causa dizia: “Ministra Marta Temido assegura a Pedro Magalhães Ribeiro que o Cartaxo vai ter novo centro de saúde. (…) O presidente da câmara considera o resultado desta reunião com a ministra da Saúde como uma das melhores notícias que poderíamos receber”. A Comissão Nacional de Eleições considerou que se tratava de campanha eleitoral difundida nos meios do município, o que violava a Lei Eleitoral. O ex-autarca disse a O MIRANTE na altura, que desconhecia que a publicação da nota informativa era susceptível de incumprir a legislação em vigor, até porque esta foi revista pelo gabinete de comunicação do município e que foi enviada para conhecimento prévio do Ministério da Saúde.