Sociedade | 04-04-2023 18:00

Hotéis para insectos ajudam à produção de vinho na Companhia das Lezírias

Hotéis para insectos ajudam à produção de vinho na Companhia das Lezírias
A guia Beatriz Andrez acompanhou cerca de duas dezenas de crianças pelas vinhas da Herdade do Catapereiro

Na Herdade do Catapereiro o vinho é produzido com a ajuda de insectos que combatem as pragas. Uma medida eficaz, económica e que respeita o ecossistema.

Os insectos podem ser incómodos para o ser humano, pelo seu zumbido irritante, pelas picadas, porque pousam na comida, pelo pavor ou repugnância que causam a algumas pessoas. Mas a verdade é que os insectos desempenham um papel fundamental na produção de alimentos e na preservação do nosso ecossistema. Na Herdade do Catapereiro, em Samora Correia, a produção de vinho conta com a ajuda dos insectos. Nesses terrenos da Companhia das Lezírias foram criados hotéis para insectos. O objectivo é atrair os insectos polinizadores e insectos auxiliares que actuam no controlo biológico de pragas prejudiciais às vinhas.
Os hotéis para insectos têm um baixo custo de manutenção ao contrário dos hotéis de cinco estrelas. As paredes e o tecto são de madeira contraplacada e o interior é composto por pinhas, pequenos galhos, e troncos de madeira furados para os insectos construírem os ninhos lá dentro. A Herdade do Catapereiro tem várias castas, que neste mês de Março se encontram em fase de abrotação, ou seja, estão no início do crescimento das folhas. Depois passam à fase de floração, onde os polinizadores são essenciais. Segue-se a fase de frutificação, quando crescem as uvas, e depois a maturação até à colheita, que normalmente se faz entre Agosto e Setembro, dependendo da temperatura.
Os insectos bons para a produção de vinho são as joaninhas, que predam as pragas, e os sirfídeos, conhecidos como moscas-das-flores. Os insectos transportam o pólen de flor em flor e por isso aceleram o crescimento das uvas e consequentemente o aumento da produção. Junto às vinhas é plantado tomilho, que também atrai os insectos polinizadores, e é plantado endro, que atrai as joaninhas. O tomilho cresce lentamente em redor das vinhas e vai tornar o clima mais húmido e menos quente o que aumenta a capacidade das vinhas resistirem ao calor.
“Alguns destes insectos saem de outras zonas porque são atraídos para aqui. Mas depois acabam por se reproduzir já na Herdade do Catapereiro e vão ocupar a área da vinha. Estes são os insectos bons e que queremos atrair”, explica a O MIRANTE a guia, Beatriz Andrez. Para combater os insectos maus, como a traça da uva, são colocadas caixas ninho ao redor das vinhas. Servem para que as aves insectívoras se alimentem dos insectos considerados maus para a produção.

Sensibilizar as crianças
Todo este processo é explicado de forma simples às crianças. As vinhas recebem visitas das escolas em que os mais pequenos aprendem a construir um hotel para insectos. “O objectivo destas acções é abrir a mente das crianças e pré-adolescentes sobre o que podem fazer para combater a desertificação. Com uma pequena acção conseguem transformar o ambiente à sua volta”, diz Beatriz Andrez.
Estas acções dirigidas à comunidade escolar estão inseridas no “STOPDeserTEJO - Operações Participadas de Combate à Desertificação no Estuário do Tejo”. A finalidade é aumentar a percepção pública sobre o fenómeno da desertificação e da degradação dos solos e suas consequências para a perda da biodiversidade.

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