Tranquilidade e segurança conquistam estudantes estrangeiros em Benavente
Ao abrigo de um intercâmbio cultural, vários estudantes estrangeiros frequentam escolas no concelho de Benavente. Os jovens vivem temporariamente em casa de famílias de acolhimento. O MIRANTE falou com uma italiana e uma colombiana que gostam da tranquilidade da vida em Portugal.
Conhecer uma cultura e uma língua diferentes são dois dos motivos que levaram Anita Bruni e Sofia Torres a escolher Benavente para estudar durante alguns meses. A italiana Anita Bruni, 17 anos, está a estudar no 11º ano de humanidades na Escola Secundária de Benavente. A vinda para Portugal deu-se ao abrigo do Programa AFS – Famílias de Acolhimento. É uma experiência de intercâmbio em que uma família acolhe voluntariamente um jovem estrangeiro que vem estudar durante um trimestre, semestre ou ano lectivo numa escola secundária em Portugal. Desde Outubro que Anita vive em Benavente com a sua família de acolhimento – um casal com dois filhos, uma rapariga mais nova e um rapaz mais velho. Há ainda os cães Marlo e Zuka e a gata Milka, que gosta de dormir nas suas pernas.
A família portuguesa é maior que a família que ficou em Luca, uma cidade italiana na região de Toscana. Em Itália, Anita vive com a mãe, o pai e uma irmã mais nova. A escolha de Portugal para estudar partiu da curiosidade e por ser um povo latino e caloroso. Antes de partir tirou um curso com uma professora de português que tinha uma tatuagem de um azulejo. Esse foi o primeiro impacto com a cultura portuguesa.
Anita já fala muito bem português. Na Escola Secundária de Benavente está numa turma só de raparigas que considera como amigas. Os testes são feitos com recurso ao tradutor, para não dar erros ortográficos, mas de resto não tem mais nenhuma benesse por ser estrangeira. Na vila sente-se segura e independente. Vai a pé para a escola, sai à noite com as amigas e frequenta o ginásio após as aulas. Gosta da tranquilidade e do facto das pessoas se conhecerem. Se pudesse melhorava os transportes públicos. “Aqui o que noto é que os transportes são um problema. Para ir a Lisboa temos de sair às 08h00 e demoramos muito a chegar. As minhas amigas também são quase todas de Samora Correia e, às vezes, é mais chato para combinar com elas”, conta.
Quanto ao futuro, ainda não está definido mas poderá passar pelas línguas ou História. Tradutora ou professora de Inglês são possibilidades mas para já o certo é a vontade de seguir para a universidade. Anita vai continuar em Portugal até Junho e a deliciar-se com a nossa gastronomia. “Os meus pais de acolhimento são cozinheiros fantásticos. Adoro os bifinhos de frango com cogumelos e natas, salmão com cuscuz e verduras, arroz doce, pastéis de nata e um bolo de cenoura que a minha mãe de cá faz”, diz.
Da Colômbia para o Porto Alto
A experiência da estudante colombiana, Sofia Torres, 17 anos, está a ser diferente. A estudar no 11º ano da Escola Secundária Prof. João Fernandes Pratas, em Samora Correia, assume que teve dificuldade em fazer amigos. “A integração na escola foi difícil. As pessoas já têm grupos constituídos e são fechados. Nos intervalos, sinto-me sozinha. Os amigos que tenho cá são de outros países e fora da escola. Já pensei em desistir mas vi o lado positivo que é estar comigo mesma. Sempre tive amigos e este é um golpe difícil mas vai dar-me independência”, diz a O MIRANTE.
A escolha do nosso país para estudar teve origem numa série em Língua Portuguesa que viu e gostou. Como sabe espanhol ficou com a ideia que seria mais fácil adaptar-se a uma nova língua. Mas no início não foi fácil e pedia para falarem devagar. Na Colômbia mora na cidade de Cali com os pais e uma irmã mais nova. Sofia foi uma das oito vencedoras de um concurso a nível nacional na sua terra natal e por isso veio estudar para Portugal. Está a viver no Porto Alto desde Outubro com uma mãe de acolhimento e um cão. Antes de se conhecerem pessoalmente falaram através das redes sociais, até para descanso dos seus familiares.
A vida no Porto Alto é calma. Sofia sente-se mais segura e sai à noite. Passa muito do seu tempo a ler livros e frequenta a biblioteca. Vai também à igreja. Diz que esta experiência a ajudou a enfrentar vários medos, como o de estar sozinha. A adaptação à gastronomia foi difícil e sentiu-se indisposta durante algum tempo porque, diz, a comida tem muita gordura. Passou por isso a cozinhar e come peixe e frango. No seu menu não entra carne de porco.
O futuro profissional de Sofia pode passar por trabalhar num laboratório, uma vez que gosta de Bioquímica, ou pela Psicologia Infantil. Até 25 de Junho vai ficar no Porto Alto e depois regressa à Colômbia. Na bagagem diz que leva uma boa imagem dos portugueses e aconselha os jovens a embarcarem nesta aventura porque dá “uma outra visão de futuro”.