Continuidade do bispo de Leiria-Fátima vai estar em discussão
José Ornelas poderá estar de saída da presidência da Conferência Episcopal Portuguesa. Desgaste de um mandato marcado pela pandemia e crise dos alegados abusos sexuais na Igreja na origem da eventual indisponibilidade.
A continuidade ou não do bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, à frente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) é um dos temas que vai dominar a Assembleia Plenária do episcopado, que decorre entre 17 e 20 de Abril, em Fátima. José Ornelas chega agora ao fim do primeiro mandato de três anos, podendo ser reconduzido por igual período. Nas últimas semanas, porém, têm surgido notícias que dão conta da sua alegada indisponibilidade para continuar no cargo. O desgaste provocado por três anos de mandato marcados pela pandemia e pela crise dos abusos sexuais a menores na Igreja estará na base de uma eventual não recandidatura de José Ornelas. Também o facto de terem surgido notícias sobre o seu alegado encobrimento de casos de abuso, enquanto superior dos Dehonianos, estará a contribuir para a possível não continuação de José Ornelas como presidente da CEP.
Caso não seja eleito para novo mandato, ficará para a história como o responsável pela criação da Comissão Independente que, ao longo de um ano, recolheu os testemunhos de alegadas vítimas de abuso sexual no seio da Igreja. Os nomes dos arcebispos de Braga (José Cordeiro) e de Évora (Francisco Senra Coelho), bem como o do bispo de Coimbra (Virgílio Antunes), têm sido apontados como possíveis candidatos, caso José Ornelas confirme indisponibilidade para continuar.
Além do presidente da CEP, serão eleitos também os restantes membros do Conselho Permanente e os presidentes das diferentes Comissões Episcopais. Novidade é a possibilidade de, pela primeira vez, ser eleito para a função de secretário da CEP um leigo, após a revisão dos estatutos aprovados pela Santa Sé no dia 30 de março.
Recorde-se que a Comissão Independente validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815. 25 casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação. Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão. Na sequência destes resultados, algumas dioceses afastaram cautelarmente do ministério alguns padres.