Centro de Saúde do Entroncamento recusa atender grávida de risco
Sara Ferreira está grávida de sete semanas e a sua gravidez é considerada de risco por ter tido um linfoma e uma leucemia.
Quando foi ao Centro de Saúde do Entroncamento para pedir análises não lhe deram prioridade e recusaram a consulta porque não tem médico de família atribuído. Por falta de assistência no público a grávida tem optado por recorrer ao privado.
O Centro de Saúde do Entroncamento recusou uma consulta para prescrição de análises clínicas a uma grávida de risco, que em criança teve um linfoma e uma leucemia e é acompanhada no Instituto Português de Oncologia. Sara Ferreira, 32 anos, foi ao estabelecimento de saúde acompanhada pelo seu pai e a justificação que lhe deram para não a atenderem foi não ter médico de família. O que não deixa de ser curioso tendo em conta que nas instalações, bem visível, está um aviso de que as grávidas têm prioridade no atendimento.
Este é mais um revés no percurso de Sara que não tem tido uma vida fácil desde que aos quatro anos o médico lhe deu uma semana de vida. A grávida de sete semanas contrariou o prognóstico e é uma lutadora apesar de viver com vários problemas de saúde resultantes da radioterapia que fez. Devido a esses tratamentos sofre por vezes de micro derrames no cérebro que levam a que seja acompanhada com regularidade. Por tudo isto, Sara e o companheiro, Milton Pereira, de 28 anos, para terem mais acompanhamento e mais regular decidiram recorrer a um hospital privado. “Infelizmente, o Serviço Nacional de Saúde não é rápido e não nos ajuda quando precisamos, como aconteceu”, lamenta Milton Pereira.
As análises que Sara Ferreira precisava tinham sido sugeridas por uma médica da CUF Descobertas para avaliar o estado de saúde dela e do bebé. “Alegaram que eu não tinha prioridade por não ter médico de família. Nunca passo à frente de ninguém. Só iria fazê-lo naquele caso porque estou grávida, preciso de ir a uma consulta no privado por não conseguir ser consultada no centro de saúde. Estou revoltada porque preciso das análises. Só peço respeito e consideração pelo meu estado de saúde”, critica a O MIRANTE.
Na segunda-feira, 17 de Abril, quando se dirigiu ao centro de saúde só existiam quatro vagas para a consulta de recurso (para quem não tem médico de família) que já estavam preenchidas. O pai do bebé não esconde a indignação pelo que a companheira passou e, na madrugada de terça-feira, 18 de Abril, foi para a porta do Centro de Saúde do Entroncamento às 04h50 para garantir uma vaga para a companheira ser consultada. Nessa altura estavam sete pessoas à sua frente. O que valeu foi nesse dia haver 10 vagas para a consulta de recurso. “Só assim resolvem o problema. É revoltante pagarmos impostos e não termos direito a uma simples consulta que só conseguimos se passarmos a noite em claro. Só num país de terceiro mundo é que isto acontece”, lamenta Milton Pereira
Sara Ferreira sublinha que este episódio é bem ilustrativo da falta de segurança em termos de acompanhamento que afecta as grávidas e nem as mulheres que têm gravidez de risco têm alguma protecção.
O MIRANTE contactou o Centro de Saúde do Entroncamento através de e-mail, tendo obtido resposta por parte da ARSLVT que confirmou a situação.