Petição popular em Santarém reforça contestação a terminal rodoviário no Campo Infante da Câmara
Câmara de Santarém indicou o Campo Infante da Câmara como local para acolher um futuro terminal rodoviário. A proposta não tem tido acolhimento político nem popular, já que o projecto não casa bem com o projecto de requalificação daquele espaço nobre da cidade.
Para além do desacordo praticamente unânime de toda a classe política a possibilidade de construção de um terminal rodoviário no Campo Infante da Câmara (CIC), no centro de Santarém, conta também com a contestação popular em forma de petição pública posta a circular na Internet e que tem como destinatário a Assembleia Municipal de Santarém.
“O executivo camarário pretende instalar o novo terminal rodoviário no Campo Infante da Câmara com a justificação de ser provisório; é uma errada gestão dos dinheiros públicos e incapacidade de pensar e planear a cidade. A concretizar-se, vai atrasar por muitos anos a requalificação deste espaço nobre da cidade e prejudicar a possibilidade do seu usufruto para o lazer e cultura das pessoas. Será prejudicial ao ambiente e à vivência da cidade na sua plenitude”, alega-se no texto que suporta a petição já subscrita por cerca de centena e meia de pessoas.
Os promotores da petição questionam “que sentido e justificação racional tem estar a investir milhões de euros num novo terminal rodoviário provisório para, posteriormente, o arrasar e construir nova infraestrutura noutro local?” E reforçaram dizendo que “vivemos momentos em que a maioria da população atravessa tempos bastante difíceis e tantas coisas essenciais lhe faltam no concelho!”.
A Câmara de Santarém tem justificado essa opção com compromissos assumidos em anterior mandato com a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, a quem foram delegadas competências na área dos transportes públicos, o que obrigou a câmara a definir um espaço para a gare de autocarros, já que o actual terminal parece descartado. Uma solução que é apontada como transitória, como reiterou o presidente da câmara na última assembleia municipal, já que a perspectiva, no futuro, passa por criar um terminal na periferia da cidade.
Um argumento que não convence os contestatários. “Todos conhecemos o significado da palavra ‘provisório’, neste concelho, e no país”, alertam os peticionários, defendendo que a volumetria e a extensão do terminal no Campo Infante da Câmara impedirá a requalificação, em muita da sua extensão, desse área nobre da cidade que o município pretende transformar num espaço de fruição e lazer.
Na última sessão da assembleia municipal também se ouviram várias vozes contra esse cenário. Rita Correia (CDU) deixou clara a posição contrária da sua força política e pediu que a câmara tenha uma posição assertiva sobre essa matéria, já que ninguém parece satisfeito com essa opção. José Magalhães (PS) afirmou que estar a fazer uma obra provisória “é deitar dinheiro à rua” temendo também que o provisório se torne definitivo.
A petição popular tem como promotores Vítor Franco, Luís Carvalho, Clara Curado, Luís Perdigão, Celso Ricardo Braz, Teresa Nascimento, Francisco Mendes, Manuela Marques e Carlos Cruz.