Resiliência é determinante para o sucesso dos jovens no mercado de trabalho
Segunda edição da Semana da Educação de Ourém reuniu vários especialistas da área que deram exemplos concretos de como o sucesso profissional dos jovens depende da sua postura e interesse pela formação contínua.
Ensino profissional foi muito valorizado por empresários, que destacaram o facto de, nos dias de hoje, ser essencial o ensino estar ligado às empresas.
Resiliência e resistência ao fracasso são dois sinónimos e os principais factores para os jovens que entram no mercado de trabalho serem bem-sucedidos. A conclusão foi partilhada por empresários, professores e alunos durante a segunda edição da Semana da Educação de Ourém, que se realizou de 26 de Abril a 2 de Maio e que contou com um vasto painel de especialistas da área. O MIRANTE assistiu a três debates que envolveram alunos e ex-alunos do ensino profissional e empresários da região que abriram o jogo explicando aos jovens quais os requisitos essenciais para serem integrados no mercado de trabalho.
O primeiro painel reuniu quatro alunos de Ourém que partilharam as suas motivações para ingressarem num curso profissional. Desmistificaram a ideia pré-definida de que só tira um curso profissional quem “é burro”. “Escolhemos este curso porque gostamos da área e o facto de ser muito prática faz-nos sentir mais aptos para a primeira experiência profissional”, refere uma das alunas. O debate foi moderado por Sandra Pimentel, directora do Agrupamento de Escolas de Ourém. “Os estágios que desenvolvemos ao longo do curso permitem perceber como é o mercado e dão-nos mais autonomia para encarar os desafios futuros”, acrescenta outro aluno. Um dos temas que gerou mais debate surgiu de uma proposta lançada pela directora “o que mudariam se fossem ministros da Educação”, questionou. A resposta surge quase em uníssono; “gostávamos que as empresas apostassem mais nos jovens e não valorizassem tanto o facto de não termos muita experiência de trabalho. Temos uma margem de progressão enorme. Deviam abrir-nos portas”, acrescentam.
O painel com os ex-alunos teve como objectivo servir de motivação para uma plateia com várias dezenas de jovens com o futuro ainda incerto. Um cozinheiro, uma economista, uma comercial e um técnico de informática deram os seus exemplos e enumeraram os factores que consideram fundamentais para o sucesso profissional. “Acho que a palavra de ordem é a resiliência. As competências que se adquirem no ensino profissional são fundamentais, mas é muito importante tirar partido dos momentos mais difíceis de ultrapassar porque isso também faz parte da aprendizagem”, refere um dos palestrantes.
“Escolas mais ligadas às empresas”
O debate com empresários era um dos mais aguardados do dia 28 de Abril. Carlos Baptista, presidente do conselho de administração do Grupo Tecnórem, diz ser “impensável nos dias de hoje que as escolas e as empresas não trabalhem em conjunto”. Na opinião do empresário, as exigências do sector empresarial aumentaram muito nas últimas décadas e isso exige mais qualificação da mão-de-obra. No entanto, o maior problema reside na falta de pessoas para trabalhar. “Toda a gente é necessária e há muita falta de gente para trabalhar”, afirma. Paulo Santos, director de Recursos Humanos da Renova, considera que as empresas reflectem o que é a sociedade e que devem estar em constante adaptação. “As empresas têm obrigação de se adaptar ao seu quadro de pessoal dependendo dos desafios que os trabalhadores vão tendo ao longo da vida”, vinca. Filipe Cortez, administrador da Trigénius, não tem dúvidas de que as empresas precisam de pessoas com capacidade de inovação e de se reinventarem. O empresário defende que deveria existir um “casamento mais intenso entre empresas e escolas”. A última conferencista foi Sandra Pires, directora de Pessoas e Processos na Trivalor, uma empresa que emprega mais de 20 mil pessoas. Afirma que actualmente é muito difícil recrutar pessoas e que um dos factores que mais valoriza é a vontade do trabalhador em apostar na formação contínua e na aprendizagem constante.
“O ensino profissional não é para alunos menos capacitados”
A presidente da Associação Empresarial Ourém-Fátima, Purificação Reis, encerrou a manhã de trabalhos partilhando a sua “tristeza” por muitas famílias ainda olharem para o ensino profissional como uma escolha para os alunos com menos capacidades intelectuais. “Lamento que mais de três décadas depois da implementação do ensino profissional isto ainda seja assunto de debate. O ensino profissional é muito importante porque dá sentido à aprendizagem”, sublinha.