População de Chancelaria desesperada exige acesso a cuidados de saúde condignos
Médica de família encontra-se de baixa há meses e cerca de mil utentes estão sem acesso a cuidados de saúde primários na freguesia. População foi em massa à última Assembleia Municipal de Torres Novas mostrar o descontentamento e exigir uma solução.
Uma centena e meia de utentes afectos ao posto de saúde de Chancelaria foram à última Assembleia Municipal de Torres Novas, realizada na noite de 27 de Abril, manifestar a sua indignação e preocupação com a falta de acesso a cuidados de saúde primários. A médica de família que dava resposta a cerca de mil utentes, e que foi agredida em Agosto do ano passado por um homem que exigia ser atendido, encontra-se novamente de baixa médica e não há perspectivas de que regresse ao serviço naquela freguesia.
Bruno Soares foi um dos munícipes que usou da palavra para demonstrar o descontentamento geral da população que sente “muita dificuldade em conseguir consultas” mesmo deslocando-se a outras unidades de saúde no concelho. Além disso referiu existir uma certa discriminação no atendimento aos utentes da Chancelaria por parte de funcionários dessas unidades de saúde que acredita estar relacionada com o episódio de agressão que acabou por afastar a médica de família. “Por causa de uma pessoa pagamos todos”, vincou.
Também o presidente da Junta de Chancelaria, Alfredo Antunes, se mostrou preocupado com a falta de acesso a cuidados de saúde primários na freguesia, onde a população é maioritariamente idosa e não tem meios para se deslocar. Em declarações a O MIRANTE, o autarca explicou que após um cidadão que não pertence àquela freguesia ter agredido a médica, a junta de freguesia “tentou de tudo” para que a profissional de saúde regressasse ao serviço. A pedido da mesma, explicou, foi colocado um segurança a tempo inteiro no posto e uma porta de vidro para que “se sentisse mais em segurança”, mas uma discussão com uma utente, há cerca de três meses, acabou por ditar um novo afastamento da médica que se encontra de baixa e sem perspectivas de regresso.
A profissional de saúde, recorde-se, trabalhava no posto de Chancelaria há menos de um mês quando foi agredida no rosto por um utente afecto a outra unidade de saúde do concelho que exigia ser atendido. A médica ficou com ferimentos ligeiros no nariz e maxilar e foi transportada ao hospital onde realizou alguns exames. Depois esteve vários meses de baixa médica.
Presidente do município garante colocação de médico
O presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, mostrou-se solidário com a população de Chancelaria e adiantou que está disponível para estudar a possibilidade de passar a haver transporte organizado para que os utentes possam deslocar-se a outra unidade de saúde. O autarca socialista adiantou que lhe foi assegurado, em reunião com o adjunto do Ministro da Saúde e com a directora do Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo, Diana Leiria, que no próximo concurso nacional para a colocação de médicos de família, que estima que ocorra até Julho, irá ser aberta uma vaga para Chancelaria, dando mesmo garantias de que a mesma irá ser preenchida.
Mas o problema da falta de médicos de família não afecta apenas a freguesia de Chancelaria, tal como fizeram notar os presidentes de junta de Assentis e da União de Freguesias de São Pedro, Lapas e Ribeira Branca, Leonel Santos e Júlio Clérigo, respectivamente. Também nesses territórios a falta de acesso a cuidados de saúde primários é sentida há vários anos.