Médio Tejo, Lezíria e Beira Baixa querem mais capacidade na barragem do Alvito
Comunidades Intermunicipais do Médio Tejo, Lezíria do Tejo e Beira Baixa pronunciaram-se na discussão pública sobre as soluções para o Reforço da Resiliência Hídrica do Tejo considerando insuficiente a dimensão da barragem do Alvito, apresentada pelo Governo. Discordam também do túnel para transferência de água entre a barragem do Cabril e o rio Tejo.
Os autarcas do Médio Tejo, Lezíria do Tejo e Beira Baixa querem a construção da barragem do Alvito, no rio Ocreza, afluente do Tejo, mas com maior capacidade do que prevê o Governo, e não compreendem a proposta de um túnel de ligação entre os rios Zêzere e Tejo. Na participação na discussão pública sobre as soluções para o Reforço da Resiliência Hídrica do Tejo, as comunidades intermunicipais (CIM) destas três sub-regiões consideram que a construção da barragem do Alvito, no distrito de Castelo Branco, será “decisiva para a sustentabilidade” dos territórios e das actividades económicas que dependem deste recurso.
Contudo, consideram “manifestamente insuficiente” a dimensão proposta no plano do Governo, “cerca de metade da dimensão da barragem do Cabril, por exemplo”, defendendo que só com uma capacidade entre 1.000 e 2.000 hectómetros cúbicos “se constituirá como reserva estratégica nacional com capacidade de caudal na gestão do Tejo”. Por outro lado, afirmam não se conseguir “avaliar a racionalidade, nem tão pouco percepcionar o que está subjacente à proposta de túnel de ligação Zêzere-Tejo, considerando que o seu investimento poderá ser desproporcional face ao proveito que se venha a ter uma vez que só resolve/regulariza parte do leito quando o problema se verifica igualmente a montante deste”.
Na tomada de posição, a que a Lusa teve acesso, as três comunidades intermunicipais salientam que só com a dimensão que propõem será possível garantir “um caudal mínimo ambientalmente sustentável”, ou seja, “o dobro do que se constata actualmente” e reforçar e garantir água a sul do Tejo, Beira e Alto Alentejo de forma a “equilibrar e desenvolver o território”.
Os autarcas recordam que o investimento nesta barragem, que não é “muito vultuoso”, tem sido “adiado há várias décadas”, tendo o projecto tido Avaliação de Impacto Ambiental condicionada favorável em 2011 e estudos prometidos pelo Governo desde Abril de 2019. Na sua tomada de posição os autarcas afirmam que a bacia do Tejo “integra as áreas de regadio mais importantes” do país, “com forte impacto nas exportações e no equilíbrio da balança comercial”. Acrescentam que “os caudais lançados pela barragem de Alcântara (em Espanha) em direcção a Portugal durante o período crítico de estiagem são extremamente irregulares” e que “a capacidade de regularização no leito do rio Tejo é praticamente nula pois as barragens do Fratel e de Belver são fios de água”.
As principais propostas para reforço da resiliência hídrica do Tejo
As principais propostas de soluções para o reforço da resiliência hídrica do Tejo, apresentadas em Março, são a reserva hídrica do Cabril (no rio Zêzere), a avaliação da possibilidade de construção da barragem do Alvito e da possibilidade de interligação do sistema Zêzere-Tejo para lançamento dos caudais reservados no aproveitamento do Cabril. As propostas, que estiveram em discussão pública até 23 de Abril, incluem ainda a reabilitação da passagem para peixes do açude de Abrantes, a elaboração de um plano específico para a gestão de sedimentos no rio Tejo, a promoção do uso de água residual tratada na região hidrográfica do Tejo e ribeiras do Oeste e a elaboração do Pacto Regional para a Água.