Sociedade | 10-05-2023 18:00

Metade das doenças mentais surge pela primeira vez aos 14 anos mas não é diagnosticada

Metade das doenças mentais surge pela primeira vez aos 14 anos mas não é diagnosticada
Psicólogas falaram sobre a importância da saúde mental nos jovens num debate realizado no âmbito da Semana da Juventude de Rio Maior

Semana da Juventude de Rio Maior, iniciativa organizada pelo município em conjunto com as associações de estudantes locais, dinamizou um debate onde se falou de “Saúde Mental para Jovens”.

Quatro psicólogas, todas com ligações a Rio Maior, falaram sobre problemas como depressão, ansiedade e esgotamento e alertaram os jovens para estarem atentos aos sinais que o corpo vai dando quando algo não está bem com a saúde mental, tão importante como a saúde física.

Metade das doenças mentais surge pela primeira vez aos 14 anos mas não é diagnosticada nem tratada. O alerta é da Organização Mundial de Saúde (OMS) que Joana Correia, psicóloga e directora da Neuroclínica, transmitiu a alunos de Rio Maior numa sessão intitulada “Saúde Mental para Jovens”, que decorreu na manhã de sexta-feira, 28 de Abril, no Centro de Negócios de Rio Maior, no âmbito da Semana da Juventude da cidade. A psicóloga referiu que a adolescência e início de vida adulta são fases fundamentais na vida de uma pessoa e em que se deve estar mais atento à saúde mental.
Joana Correia sublinhou que a depressão é uma das principais doenças mentais e explicou-a como sendo uma dor invisível. Associada à depressão está a ansiedade que é, segundo a psicóloga, um dos ‘males’ do século. Segundo dados médicos, a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% após o primeiro ano de pandemia. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes, sendo que 58% dos suicídios ocorreram em pessoas com menos de 50 anos.
“Vivemos numa grande correria. Temos que parar, pensar, sentir-nos e observar-nos. Temos que valorizar o que de bom temos, aumentar a nossa auto-confiança, focar em momentos bons, reflectir e relaxar. Tirar um tempo para nós é muito importante para desacelerarmos e vivermos um bocadinho mais devagar”, destaca Joana Correia.

É fundamental pedir ajuda
A psicóloga Carla Ferreira abordou o tema da depressão na adolescência e alertou os alunos que estavam na plateia para estarem atentos aos sinais, tanto em si como nos mais próximos. Carla Ferreira considera que ainda continua a existir resistência em pedir ajuda quando se trata de questões relacionadas com saúde mental, o que é errado uma vez que quando não se procura ajuda a patologia vai agravar-se. “No Serviço Nacional de Saúde não existem as melhores respostas mas a saúde mental é tão importante como a saúde física por isso tem que se procurar ajuda quando sentem que não estão bem”, destacou.
A psicóloga deixou alguns sintomas a que se deve dar atenção, nomeadamente sentimentos de tristeza que podem incluir ataques de choro sem motivo aparente; irritabilidade; frustração; perda de interesse pelas actividades do quotidiano; sentimentos de inutilidade, culpa e auto-crítica; hipersensibilidade a eventuais rejeições; sensação que o futuro será difícil e ‘negro’, entre outros. “Continuo a sentir que me procuram quando já estão no fim da chamada linha vermelha. Quanto mais demoram a pedir ajuda mais difícil é recuperar. A depressão também dá muitos sinais a nível físico que temos tendência a desvalorizar os sintomas mas não devemos”, realçou.

Exercício físico melhora a saúde mental
A psicóloga clínica e psicoterapeuta Leonor Fialho falou do ‘burnout’, um esgotamento e exaustão emocional que resulta de uma exposição prolongada a factores de stress decorrente da actividade profissional. A sessão terminou com a intervenção de Sara Malhoa, psicóloga que também trabalha com atletas de alto rendimento na Escola Superior de Desporto de Rio Maior. Sara Malhoa defende que a prática de exercício físico melhora a saúde mental e que 15 minutos de caminhada, por exemplo, reduz o risco de depressão em 26%. Além disso, liberta endorfina, a hormona da felicidade, o que deixa as pessoas bem dispostas. Praticar exercício físico reduz as causas associadas ao stress, depressão e ansiedade; melhora a auto-estima; previne demências e envelhecimento cerebral, assim como melhora o sistema imunitário.

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