Escolas têm papel importante na prevenção da violência
Ser vítima de uma forma de violência em meio escolar pode deixar marcas difíceis de apagar. Para impedir que o fenómeno cresça é importante prevenir e nesse campo a escola tem um importante papel a desempenhar. O Agrupamento de Escolas Vale Aveiras juntou especialistas de diversas áreas para debater com alunos e professores esta problemática.
A violência em meio escolar é uma problemática transversal nos estabelecimentos de ensino que ganhou preocupação acrescida com o regresso pleno às aulas presenciais. A melhor forma de a combater é através da prevenção e da não relativização do problema, defendeu o sargento ajudante da Guarda Nacional Republicana (GNR) e responsável pelo programa Escola Segura, Telmo Jorge, na qualidade de orador na conferência Violência em Meio Escolar realizada na quarta-feira, 10 de Maio, na Casa do Povo de Aveiras de Cima.
“A violência escolar é uma representação social que tem evoluído ao longo do tempo” e para a combater é preciso, primeiramente, “perceber o fenómeno” para que se possam “criar ferramentas e estratégias”, começou por referir Telmo Jorge, perante uma plateia composta por seis turmas de alunos de terceiro ciclo e cerca de uma dezena de professores do Agrupamento de Escolas Vale Aveiras, promotor da iniciativa e um dos que tem recebido acções de sensibilização da GNR, através do Escola Segura, sobre esta temática.
Este ano, na área do posto territorial de Alenquer onde se insere Aveiras de Cima, a GNR recebeu quatro denúncias de violência escolar. Número que não foge aos de anos anteriores, não se podendo por isso afirmar que nesta zona a violência nas escolas esteja a aumentar. No entanto, alertou o militar, nem todas as situações são denunciadas ou chegam ao conhecimento da GNR, pois ainda existe “tendência para relativizar” episódios de violência, o que denota que “é preciso empoderar a comunidade e as vítimas” para que sejam capazes de denunciar.
Para o psicólogo clínico Paulo Sargento “a violência em meio escolar é um problema real e inquietante”, que pode ocorrer de diversas formas, inclusive através de práticas de bullying, podendo levar a que a vítima desenvolva perturbações e stress traumático, que podem culminar no abandono ou fobia escolar. Numa alusão ao relatório da Unicef sobre violência escolar, o psicólogo destacou que se estima que cerca de 150 a 170 milhões de jovens entre os 13 e os 16 anos sofreram episódios de violência na escola. Paulo Sargento advertiu ainda que ainda não se conhece o real impacto da pandemia de Covid-19 no que respeita à violência, sendo expectável que possa vir a aumentar em locais com aglomerados de pessoas, como é o caso dos estabelecimentos de ensino. “É necessário agir”, sublinhou.
Do painel de oradores fizeram ainda parte os técnicos do município de Azambuja, que integram a Equipa Multidisciplinar de Intervenção Comunitária (EMIC), Sónia Mendão e Pedro Reis, o fundador da Smiledog, projecto de intervenção assistida com animais, Nuno Santos, e o antigo inspector da Polícia Judiciária (PJ), Carlos Anjos.
*Notícia desenvolvida na próxima edição semanal de O MIRANTE