Aeroporto pode ressuscitar desvio da Linha do Norte em Santarém
Presidente da Câmara de Santarém disse que caso o concelho seja escolhido para localizar o novo aeroporto faz sentido voltar a apostar na variante ferroviária à cidade que permitiria ganhar tempo na ligação a Lisboa.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), diz que, caso o concelho seja escolhido para localizar o novo aeroporto, vai reactivar a reivindicação do desvio da linha ferroviária do Norte de forma a retirá-la do interior da cidade. O autarca deixou essa informação durante a última sessão da assembleia municipal.
O desvio da Linha do Norte na zona de Santarém é um projecto há muito falado. A variante ferroviária a Santarém, incluída na modernização do troço ferroviário entre o Vale de Santarém e Entroncamento, chegou a estar prometida pelos governos socialistas chefiados por José Sócrates tendo sido inclusive definido o traçado por onde devia passar e as expropriações necessárias. Com a crise e o país sob assistência financeira o projecto ficou em ponto-morto. Entretanto, o Governo de António Costa não o incluiu nas prioridades nacionais de investimento não sendo contemplado pelo Plano Nacional de Investimentos 2030 da Infraestruturas de Portugal nem pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Em contrapartida a Infraestruturas de Portugal comprometeu-se a suprimir uma série de passagens de nível no concelho de Santarém, o que até à data também não ocorreu.
Sobre as obras para supressão de passagens de nível Ricardo Gonçalves informou que o concurso para as Assacaias deve ser lançado até Junho e que os projectos para as outras estão a ser feitos. “Mas se o aeroporto vier, se calhar não vai valer a pena gastar milhões de euros em passagens desniveladas mas sim no desvio da Linha do Norte para se ganhar algum tempo entre Santarém e Lisboa”, defendeu.
Ricardo Gonçalves repetiu posteriormente essa opinião em resposta a intervenção do eleito do PS José Magalhães, que se congratulou com o facto de Santarém estar entre as opções finais de possível localização do novo aeroporto, mas lamentou que se tivesse “deixado cair” o projecto de desvio da Linha do Norte “porque seria um dois em um extraordinário”.
Alta velocidade “não acrescenta nada” a Santarém
O vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, defende que Santarém - que ficou excluída da futura linha de alta velocidade que ligará Lisboa ao Porto - não perderá nada com essa decisão. “A linha de alta velocidade pouco acrescentava ao que Santarém já tem. É uma das cidades mais bem servidas de comboio”, disse a O MIRANTE o responsável da IP, à margem de uma sessão, no dia 5 de Maio, em Vila Franca de Xira onde foi apresentado o estudo preliminar de reconversão e modernização da Linha do Norte nesse concelho, para a adaptar à alta velocidade.
O responsável acrescentou que mesmo com a criação do aeroporto Magellan 500, Santarém ficará com shuttles directos para Lisboa que ligarão a cidade à Gare do Oriente em 30 minutos. “Quem quiser ir para norte terá a ligação a Soure”, lembrou, notando que não há shuttles que sirvam aeroportos a 300 km/h como se prevê para a linha de alta velocidade. “Vir para Lisboa pela Linha do Norte ou num comboio de alta velocidade é praticamente o mesmo. Santarém vai estar bem servida e os promotores do aeroporto nem sequer colocam essa questão em cima da mesa”, conclui.