Sócios do Vilafranquense exigem assembleia extraordinária para debater estado do clube
Saída da SAD que era responsável pelo futebol profissional e a recusa do presidente da comissão administrativa do clube em esclarecer a comunidade levaram mais de uma centena de sócios a assinar documento exigindo uma assembleia-geral para debater o momento conturbado que o clube atravessa.
Mais de uma centena de sócios do União Desportiva Vilafranquense (UDV) já rubricou um abaixo-assinado promovido por um grupo de sócios exigindo a realização de uma assembleia-geral extraordinária com carácter urgente. O objectivo da assembleia, lê-se no documento a que O MIRANTE teve acesso, é a explicação “cabal e totalmente transparente” do negócio da venda da participação accionista do UDV na Sociedade Anónima Desportiva (SAD) que geria o futebol profissional por parte da comissão administrativa do clube e da comissão de acompanhamento do negócio que foi por esta nomeada para acompanhar o processo.
O abaixo-assinado pede também a apresentação, por parte da comissão administrativa do UDV liderada por Márcio Oliveira, do plano existente para o futuro do clube, nomeadamente para a modalidade de futebol. “Queremos saber, por exemplo, como vão fazer a nível de treinadores, quem vai cuidar da relva, se os contentores que foram colocados no Cevadeiro pela SAD vão lá ficar ou se serão removidos, entre outros”, explica David Inácio, ex-líder do grupo de adeptos Piranhas do Tejo e um dos que rubricou o abaixo-assinado.
Apesar de já terem sido alcançadas as assinaturas necessárias para solicitar o agendamento da assembleia os dinamizadores do documento querem continuar a recolha de forma a dar maior peso ao pedido. O clube tem perto de três mil sócios e os promotores do abaixo-assinado admitem que muitos ainda possam desconhecer a iniciativa de recolha de assinaturas. No dia 25 de Abril um grupo de sócios juntou-se de forma informal no Campo do Cevadeiro para obter mais assinaturas. “Contamos com todos porque a UDV é dos sócios”, lê-se no abaixo-assinado.
A precipitar a situação esteve a recente polémica envolvendo a saída da SAD do futebol profissional do clube para Vila das Aves, onde vai competir com novo nome e emblema, um desfecho que já estava traçado desde o final do ano passado como O MIRANTE já noticiou.
Interdição do campo em banho-maria
Os serviços jurídicos da Câmara de Vila Franca de Xira continuam a avaliar, segundo o presidente do município, Fernando Paulo Ferreira, a possibilidade de revogar o protocolo existente de cedência do Campo Municipal do Cevadeiro ao Vilafranquense para, dessa forma, impedir rapidamente que a SAD, que gere o emblema da II Liga de futebol, o continue a usar até final da época, que termina em Junho.
A decisão da SAD, liderada por Henrique Sereno, de abandonar Vila Franca de Xira depois de dois anos e meio a lutar contra a falta de condições para disputar jogos da II Liga deixou um amargo de boca na comunidade. “Todo este processo foi conduzido, no mínimo, de forma dúbia. Está na hora de fazerem as malas. Deixem o clube e a cidade aos vilafranquenses e unionistas”, criticou David Pato Ferreira, vereador da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT).
O presidente do UDV, Márcio Oliveira, tem recusado falar do caso com os jornais mas ao presidente do município já pediu uma audiência para definir a utilização futura do campo municipal. Sem papas na línguas esteve o presidente da SAD do Vilafranquense, Henrique Sereno, que criticou a forma como a SAD foi recebida na cidade ribatejana. “Não pelos adeptos mas por muitas pessoas da cidade. Apanhámos uma SAD que devia quase metade de Portugal. Uma SAD que era devedora passou a ser cumpridora. O novo presidente da Câmara de Vila Franca de Xira não avançou para a construção do estádio e nesta liga é obrigatório ter um bom estádio. Não teríamos mais espaço”, criticou o empresário. O Vilafranquense, recorde-se, tem realizado os jogos em casa em Rio Maior para poder cumprir com os requisitos da II Liga.