Bombeiros Municipais de Coruche sem equipa de combate a fogos florestais
Os Bombeiros Municipais de Coruche dizem não ter operacionais em número suficiente para garantir uma equipa de combate a incêndios florestais. O presidente da Câmara de Coruche diz que o socorro às populações não está posto em causa uma vez que as ocorrências são articuladas com o comando sub-regional da Lezíria do Tejo da Protecção Civil.
A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) anunciou que os Bombeiros Municipais de Coruche não conseguem assegurar a primeira fase do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), que decorre no período de 15 a 31 de Maio. Segundo a ANBP, não existem bombeiros suficientes para garantir uma equipa de combate a incêndios florestais, situação que se deve à falta de efectivos. É provável que a situação se mantenha nas fases seguintes do DECIR.
A ANBP lamenta a “relutância do município em alterar o actual horário de trabalho de oito horas diárias” e reitera que se “os horários de trabalho fossem reorganizados em turnos de 12 horas os bombeiros já teriam mais disponibilidade”. Recorde-se que entre as reivindicações dos bombeiros está o pagamento do trabalho extraordinário, a retribuição do trabalho realizado em dia de feriado e o subsídio de turno de 25%.
Segundo a ANBP, a corporação continua com quatro a cinco bombeiros de serviço por dia conseguindo apenas garantir uma ambulância ou excepcionalmente duas ambulâncias ao serviço. A associação considera por isso que o socorro em Coruche está dependente da “sorte” porque o dispositivo actual não consegue assegurar uma resposta ao serviço pré-hospitalar e, ao mesmo tempo, assegurar o combate a incêndios ou intervenção em acidentes graves. “A população de Coruche não pode estar dependente da sorte e da hora das ocorrências, muito menos dos toques de sirene a chamar os bombeiros de casa, o que é deplorável”, considera a ANBC.
Em declarações a O MIRANTE, o presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, garante que o socorro às populações não está posto em causa. Em conjunto com a Autoridade Nacional de Protecção Civil, através do comando sub-regional da Lezíria do Tejo, estão a ser delineadas soluções internas ou externas.
A corporação de bombeiros de Coruche tem 25 elementos no quadro de pessoal e está sem comandante desde Abril de 2022. Na próxima semana deverá ser publicado o nome do novo comandante após o fim do procedimento concursal. Já no ano passado a autarquia abriu concurso para admissão de seis bombeiros profissionais mas apenas um foi seleccionado e ainda está à espera de receber formação nos bombeiros sapadores ou na Escola Nacional de Bombeiros.
Recorde-se que foi criado um grupo de trabalho na Associação Nacional de Municípios Portugueses composto pelos 25 municípios do país com bombeiros municipais, incluindo Coruche. Os autarcas têm encetado conversações com o Governo no sentido de alterar a lei, nomeadamente no que diz respeito ao alargamento da idade de admissão de novos bombeiros. “Não podem ser só os municípios a fazer pressão junto do Governo mas também as associações sindicais. O Governo tem de admitir que a lei está obsoleta e não responde à realidade dos bombeiros municipais”, sublinha Francisco Oliveira.
Ministro da Administração Interna aguarda proposta final dos municípios
Em declarações a O MIRANTE o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, disse que ainda não tem na sua posse a proposta definitiva do grupo de trabalho da ANMP relativa aos bombeiros municipais. O governante reitera que aguarda o documento para depois corresponder aos objectivos dos bombeiros municipais e sapadores e de que forma estes bombeiros podem ser integrados no dispositivo nacional. “Fui contactado pelo vereador do município de Gaia. O que disse foi para quando tivessem a posição devidamente fechada que estava disponível para os receber e, com as autarquias locais, ver como podemos corresponder aos objectivos dos municípios”.