Sociedade | 31-05-2023 10:00

Doença cardiovascular é a primeira causa de morte no distrito de Santarém

Doença cardiovascular é a primeira causa de morte no distrito de Santarém
José Linder, director de Cardiologia do Hospital de Torres Novas, alerta que controlar a hipertensão é ganhar anos de vida

Cerca de 40% das pessoas não resistem às doenças cardiovasculares no distrito de Santarém.

É uma elevada taxa de mortalidade que pode ser reduzida se as pessoas não continuarem a desvalorizar os sintomas e se optarem por estilos de vida saudável. A hipertensão é um dos factores de maior risco e devia ser mais valorizado. Além disso, segundo o director de Cardiologia do Hospital de Torres Novas, José Linder, menos de metade dos doentes é que está bem diagnosticado e alguns doentes estão mesmo mal medicados. O médico fala sobre a doença e deixa alertas nesta entrevista a propósito do Dia Mundial da Hipertensão Arterial, que se assinalou a 17 de Maio.

Os números de mortes por doença cardiovascular no distrito de Santarém são dos mais elevados do país, com cerca de 40% das pessoas a não conseguir resistir à doença. Um dos factores que está relacionado com a doença e contribui para a elevada taxa de mortalidade é a hipertensão, que pode atingir qualquer idade. O médico e director do serviço de Cardiologia do Hospital de Torres Novas, José Linder, alerta que é preciso controlar a hipertensão desde os primeiros sinais.
O cardiologista há 31 anos no Hospital de Torres Novas, explica a O MIRANTE que a hipertensão é muito frequente em Portugal. Chega a atingir 30% da população adulta e é um factor de risco para outras doenças cardiovasculares. Pode causar enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), doença vascular periférica e doença renal crónica. Apesar de haver cada vez mais informação a população ainda desvaloriza a hipertensão, realça José Linder.
Cerca de 30% dos doentes nas consultas de Cardiologia e Medicina Interna do Hospital de Torres Novas são hipertensos e a incidência tem aumentado nos últimos anos. Outro número preocupante, revela o cardiologista, é que “só um quarto dos hipertensos estão bem diagnosticados e pode não estar medicado correctamente”. O clínico diz que se a hipertensão não for tratada leva a uma menor esperança média de vida.

É preciso evitar a alimentação errada e o sedentarismo
A hipertensão pode iniciar-se assintomática e todas as pessoas devem avaliar a sua tensão arterial, seja numa consulta no médico de família, na farmácia ou mesmo em casa. Os limites da tensão arterial situam-se nos 140/90. Uma tensão arterial normal e adequada deve situar-se entre os 120/80. Para evitar a hipertensão uma pessoa deve ter bons hábitos alimentares dando privilégio às carnes brancas, peixe, legumes, frutas menos doces e saladas. E evitar carnes vermelhas e com gorduras assim como o álcool e tabaco.
O sal é um dos temperos mais perigosos. O cardiologista aconselha a utilizar o mínimo de sal para temperar e evitar colocá-lo nas sopas. “A quantidade de sal que colocam no pão em Portugal, por exemplo, é superior à que colocam nos outros países e isso faz a diferença”. Por exemplo, o país é um grande consumidor de bacalhau e deve haver algum cuidado na quantidade de sal que este alimento tem. “Hoje em dia existem bons medicamentos, que são cardioprotectores, e procuramos que os doentes mudem os estilos de vida”, realça, explicando que se a hipertensão não for controlada o coração trabalha em sobrecarga e com o passar do tempo pode dilatar e entrar em falência.
A hipertensão pode derivar de factores genéticos mas a principal causa é o estilo de vida, a alimentação errada e o sedentarismo. Tudo isto contribui mais do que a parte genética. O cardiologista explica também que algumas mulheres desenvolvem hipertensão na gravidez, que está relacionado com o ambiente hormonal. Nas mulheres mais novas a hipertensão pode ser provocada pela utilização da pílula anti-concepcional. Não se sabe a causa, mas a hipertensão é mais comum nos homens.

Controlar a hipertensão é ganhar anos de vida

José Linder recorda-se de uma criança, com 12 anos, que tinha um tumor nas supra-renais e entrou no hospital com um edema pulmonar agudo e tensão arterial a 30. Um caso complicado, que teve que ser sujeito a uma operação delicada, mas correu bem. A criança já tem mais de 30 anos e está curado. “A hipertensão é uma doença que pode ser fatal. Por exemplo, há muitos AVC derivados da hipertensão. É importante que esta doença não seja desvalorizada porque estando controlada ganham-se anos de vida”, reforça.
O Hospital de Torres Novas é pioneiro, no Ribatejo, na implementação de dispositivos cardíacos, que existe desde 2002, colocados no tórax, que tratam arritmias que podem por em risco a vida dos doentes. “Quando existe uma arritmia o dispositivo dá um choque e retoma o ritmo cardíaco normal. São doentes com patologias graves que utilizam estes dispositivos que têm salvo várias vidas”, reforça José Linder.

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